São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Queixa contra juiz vem de grupos direitistas

DE GENEBRA

O juiz que aceitou o processo contra Baltasar Garzón e muito provavelmente deve condená-lo é de esquerda, mas os grupos que fizeram a queixa contra o "supermagistrado" espanhol, que fez do mundo sua jurisdição, são de ultradireita.
O Manos Limpias, fundado em 1995, tem como líder um admirador declarado do político e escritor ultradireitista Blás Piñar, fortemente ligado ao franquismo. O grupo, pródigo em abrir contendas legais, disse ontem querer a condenação de Garzón para "extirpar um câncer" da Justiça espanhola.
Já o Libertad y Justicia defende uma plataforma xenófoba em seu site, no qual afirma que os imigrantes ameaçam "varrer a identidade" espanhola. Mas o principal é o Falange Española de las JONS, cujo nome ecoa o extinto partido da extrema direita dos anos 30 e cuja plataforma é ultraconservadora socialmente.
Pelo menos ontem, no entanto, Garzón parecia ter mais defensores do que detratores. O jornal "El País" fez uma cobertura abertamente a favor do magistrado, e mesmo o direitista "El Mundo" questionou a decisão. Nas redes sociais na internet -o juiz tem 3.748 fãs no Facebook-, manifestações foram convocadas para os próximos dias nas ruas de Madri.
A Associação para a Recuperação da Memória Histórica, que pediu a busca dos desaparecidos do franquismo, repudiou a decisão do juiz Varela.
Os dois principais partidos espanhóis foram mais contidos. O governista PSOE (esquerda) disse esperar que o caso seja resolvido o quanto antes e que Garzón é um dos juízes "que mais fizeram na luta contra o terrorismo, o narcotráfico e a corrupção". Já o conservador PP, crítico contumaz do juiz, não emitiu comunicado. Mas um deputado disse na TV que "a lei alcança a todos". (LC)


Texto Anterior: Juiz Baltasar Garzón tem a toga ameaçada
Próximo Texto: Opinião: Caso encerra mais que divergências jurídicas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.