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Queixa contra juiz vem de grupos direitistas
DE GENEBRA
O juiz que aceitou o processo
contra Baltasar Garzón e muito
provavelmente deve condená-lo é de esquerda, mas os grupos
que fizeram a queixa contra o
"supermagistrado" espanhol,
que fez do mundo sua jurisdição, são de ultradireita.
O Manos Limpias, fundado
em 1995, tem como líder um
admirador declarado do político e escritor ultradireitista Blás
Piñar, fortemente ligado ao
franquismo. O grupo, pródigo
em abrir contendas legais, disse
ontem querer a condenação de
Garzón para "extirpar um câncer" da Justiça espanhola.
Já o Libertad y Justicia defende uma plataforma xenófoba em seu site, no qual afirma
que os imigrantes ameaçam
"varrer a identidade" espanhola. Mas o principal é o Falange
Española de las JONS, cujo nome ecoa o extinto partido da
extrema direita dos anos 30 e
cuja plataforma é ultraconservadora socialmente.
Pelo menos ontem, no entanto, Garzón parecia ter mais defensores do que detratores. O
jornal "El País" fez uma cobertura abertamente a favor do
magistrado, e mesmo o direitista "El Mundo" questionou a decisão. Nas redes sociais na internet -o juiz tem 3.748 fãs no
Facebook-, manifestações foram convocadas para os próximos dias nas ruas de Madri.
A Associação para a Recuperação da Memória Histórica,
que pediu a busca dos desaparecidos do franquismo, repudiou a decisão do juiz Varela.
Os dois principais partidos
espanhóis foram mais contidos. O governista PSOE (esquerda) disse esperar que o caso seja resolvido o quanto antes
e que Garzón é um dos juízes
"que mais fizeram na luta contra o terrorismo, o narcotráfico
e a corrupção". Já o conservador PP, crítico contumaz do
juiz, não emitiu comunicado.
Mas um deputado disse na TV
que "a lei alcança a todos".
(LC)
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