São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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Europa sobe juros e dificulta retomada do crescimento

Pela primeira vez desde 2008, Banco Central Europeu mexe no custo do crédito, que estava no menor valor

Taxa subiu para 1,25% ao ano, o que complica a situação de países que estão mergulhados na crise da dívida europeia


VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O Banco Central Europeu (BCE) elevou ontem os juros básicos para os 17 países da zona do euro, de 1% para 1,25% ao ano. É a primeira subida desde julho de 2008.
A medida era esperada, mas não deixa de ser polêmica, principalmente por ter sido tomada um dia após Portugal anunciar que será o terceiro país europeu a necessitar de ajuda externa para acertar suas contas.
Juros maiores só pioram a situação de Portugal e de outros países em crise, como Irlanda e Grécia, que já tiveram de pedir empréstimos ao próprio BCE e ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
Também complicam a situação de Espanha e Itália, que não conseguem crescer.
A elevação encarece a tomada de empréstimos para quem precisa investir (empresas) e também o custo das prestações das casas (o que afeta o cidadão comum).
O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, disse que precisa pensar no conjunto dos países, não apenas nos chamados periféricos.
Afirmou também que sua função é controlar a inflação, que na zona do euro atingiu 2,6% ao ano no mês passado. A meta é de 2%.
O problema é que há enormes diferenças entre os países da União Europeia e a medida atinge todos.
Na Irlanda, a inflação está em 0,9%. O país precisa crescer, não atacar os preços.
Na Alemanha, juros maiores são bem-vindos. O país deve crescer 2,5% no ano, mas sofre com pressão inflacionária. Há um ano, a taxa anual estava em 0,5%. Agora, atinge 2,2%.
O BCE foi o primeiro entre as autoridades econômicas dos países desenvolvidos a voltar a elevar os juros após a crise do final de 2008. O próximo pode ser o Fed (EUA).
Naquela época, a redução dos juros foi adotada para estimular a economia. Muitos acreditam que é cedo para mudar essa política.
O Reino Unido, que não adota o euro, decidiu ontem manter os juros em 0,5%.


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