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VIOLÊNCIA
Capital americana tem mais casos desse tipo de crime por 100 mil habitantes do que a maior cidade do Brasil
Washington bate São Paulo em assassinatos
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Em meio a uma crise na polícia e
com parte de seus recursos dirigidos ao combate ao terrorismo, a
capital dos Estados Unidos ganhou, nesta semana, o título de
"cidade assassina".
Estatísticas recém-compiladas mostram que Washington ultrapassou São Paulo -em termos relativos- no número de assassinatos em 2002. A tendência é que
bata novo recorde neste ano.
A capital americana é hoje a cidade mais violenta dos EUA, seguida por Detroit (a líder em 2001), Baltimore, Memphis, Chicago e Filadélfia.
No ano passado, foram registrados oficialmente 262 assassinatos
em Washington. O número equivale a 48,5 mortes por grupo de
100 mil habitantes e é maior do
que os 43,7 assassinatos por grupo de cem mil registrados pela
polícia na cidade de São Paulo.
"Sem querer insultar ninguém,
os americanos jamais pensariam
que a criminalidade na chamada
"capital do mundo livre" poderia
ser maior que a de uma cidade de
um país subdesenvolvido, como o
Brasil", disse à Folha John Aravosis, do instituto SafeStreetsDC,
que compila dados de crimes a
partir das estatísticas policiais.
Nos primeiros meses de 2003, o
número de assassinatos (79) em
Washington, cidade com cerca de
550 mil habitantes, voltou a dar
um salto, de 24%, sobre o mesmo
período do ano passado.
Em 2002 já havia sido registrado
um aumento de 13% no número
de assassinatos na capital, contra
uma queda média de 1,2% em outras 32 cidades dos EUA.
Em Detroit, a segunda colocada,
o aumento de ocorrências do tipo
foi de 2% entre 2002 e 2001.
No início dos anos 90, em meio
a uma ""epidemia" de crimes relacionados a drogas, Washington
chegou a registrar o dobro de assassinatos que tem hoje.
Em parte, a polícia vem atribuindo o aumento da violência ao
deslocamento de efetivo para outras atividades relacionadas ao
combate ao terrorismo.
A transferência de agentes do
FBI (a polícia federal dos EUA) na
área de Washington para o Departamento de Segurança Interna, por exemplo, teria contribuído para uma queda de 41% na investigação de crimes relacionados
ao tráfico de drogas.
Em Nova York, no entanto, onde o mesmo tipo de deslocamento
ocorreu, houve uma redução de
10% no número de assassinatos
entre o ano passado e 2001.
Apesar de estatísticas que mostram que 1 em cada 5 chamadas
para o número de emergência da
polícia (911) não são atendidas, a
Prefeitura de Washington está renovando o contrato com o atual
chefe de polícia, Charles Ramsey,
53, no cargo desde 1998.
Ramsey, ex-superintendente-adjunto da polícia de Chicago, vai
ganhar o equivalente a R$ 38.000
por mês e mais 175 homens na sua
renovação contratual, elevando o
número de policiais em Washington para 3.800.
Assim como em São Paulo, a
violência em Washington, uma
das cidades mais ricas dos EUA,
concentra-se nos bairros pobres.
A região conhecida como Southeast (sudeste) da capital é citada, por exemplo, da maneira como os paulistanos se referem, em
termos de violência, ao Jardim
Ângela ou ao Capão Redondo.
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