UOL


São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Capital americana tem mais casos desse tipo de crime por 100 mil habitantes do que a maior cidade do Brasil

Washington bate São Paulo em assassinatos

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Em meio a uma crise na polícia e com parte de seus recursos dirigidos ao combate ao terrorismo, a capital dos Estados Unidos ganhou, nesta semana, o título de "cidade assassina".
Estatísticas recém-compiladas mostram que Washington ultrapassou São Paulo -em termos relativos- no número de assassinatos em 2002. A tendência é que bata novo recorde neste ano.
A capital americana é hoje a cidade mais violenta dos EUA, seguida por Detroit (a líder em 2001), Baltimore, Memphis, Chicago e Filadélfia.
No ano passado, foram registrados oficialmente 262 assassinatos em Washington. O número equivale a 48,5 mortes por grupo de 100 mil habitantes e é maior do que os 43,7 assassinatos por grupo de cem mil registrados pela polícia na cidade de São Paulo.
"Sem querer insultar ninguém, os americanos jamais pensariam que a criminalidade na chamada "capital do mundo livre" poderia ser maior que a de uma cidade de um país subdesenvolvido, como o Brasil", disse à Folha John Aravosis, do instituto SafeStreetsDC, que compila dados de crimes a partir das estatísticas policiais.
Nos primeiros meses de 2003, o número de assassinatos (79) em Washington, cidade com cerca de 550 mil habitantes, voltou a dar um salto, de 24%, sobre o mesmo período do ano passado.
Em 2002 já havia sido registrado um aumento de 13% no número de assassinatos na capital, contra uma queda média de 1,2% em outras 32 cidades dos EUA.
Em Detroit, a segunda colocada, o aumento de ocorrências do tipo foi de 2% entre 2002 e 2001.
No início dos anos 90, em meio a uma ""epidemia" de crimes relacionados a drogas, Washington chegou a registrar o dobro de assassinatos que tem hoje.
Em parte, a polícia vem atribuindo o aumento da violência ao deslocamento de efetivo para outras atividades relacionadas ao combate ao terrorismo.
A transferência de agentes do FBI (a polícia federal dos EUA) na área de Washington para o Departamento de Segurança Interna, por exemplo, teria contribuído para uma queda de 41% na investigação de crimes relacionados ao tráfico de drogas.
Em Nova York, no entanto, onde o mesmo tipo de deslocamento ocorreu, houve uma redução de 10% no número de assassinatos entre o ano passado e 2001.
Apesar de estatísticas que mostram que 1 em cada 5 chamadas para o número de emergência da polícia (911) não são atendidas, a Prefeitura de Washington está renovando o contrato com o atual chefe de polícia, Charles Ramsey, 53, no cargo desde 1998.
Ramsey, ex-superintendente-adjunto da polícia de Chicago, vai ganhar o equivalente a R$ 38.000 por mês e mais 175 homens na sua renovação contratual, elevando o número de policiais em Washington para 3.800.
Assim como em São Paulo, a violência em Washington, uma das cidades mais ricas dos EUA, concentra-se nos bairros pobres. A região conhecida como Southeast (sudeste) da capital é citada, por exemplo, da maneira como os paulistanos se referem, em termos de violência, ao Jardim Ângela ou ao Capão Redondo.


Texto Anterior: Jornal diz ter gravação de Saddam
Próximo Texto: Colômbia: Membro das Farc será extraditado aos EUA
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.