São Paulo, Sábado, 08 de Maio de 1999
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CIVIS NA MIRA
Um dia após proposta de paz, aliança atinge, com bombas de fragmentação, feira e hospital na cidade de Nis
Novo erro da Otan mata 15 em feira

Reuters
Mulher morta no ataque da Otan a um mercado de rua no centro de Nis, ao lado de um saco de cenouras


das agências internacionais


No dia seguinte à nova proposta de paz do G-8, bombas da Otan atingiram ontem uma feira de e um hospital no centro de Nis, terceira cidade mais importante da Iugoslávia. Segundo autoridades locais, 15 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas.
Testemunhas do bombardeio e jornalistas disseram que foram utilizadas bombas de fragmentação. Ao explodir, elas lançam estilhaços, atingindo o maior número de pessoas possível (leia ao lado).
Em comunicado, a Otan admitiu ter usado "munições de efeito combinado" e disse que "é altamente provável que uma dessas armas tenha atingido edifícios civis."
Os bombardeios continuaram intensos ontem, apesar da proposta de paz elaborada na quinta pelos principais países da Otan e pela Rússia (leia texto abaixo).
No final da noite, oito fortes explosões foram ouvidas em Belgrado -que há três dias não era atacada- em nova ação no centro da capital contra prédios do comando do Exército iugoslavo.
"Se nossos parceiros tivessem aceitado a idéia de parar os bombardeios, isso teria ajudado para que as decisões fossem tomadas em atmosfera mais calma", criticou o ministro das Relações Exteriores russo, Igor Ivanov. "Mas a cada hora, as bombas trazem novas tragédias."
Nis foi bombardeada por volta do meio-dia. O prefeito Zoran Zivkovic disse que 3.000 pessoas faziam compras naquele horário.
O médico Petar Bosniakovic, do hospital da cidade, disse que nove pessoas morreram no mercado, três do lado de fora do hospital e outras três na mesa de operações.
A televisão estatal sérvia mostrou imagens do mercado atingido. Afirmou que dezenas de casas foram destruídas. A universidade local também foi abalada.
Quartéis militares ficam distantes do centro atingido, o que era citado com revolta pelos moradores.
"Há alguns dias foi o hospital de Valjevo, hoje o de Nis e esta noite quem sabe outro. A Otan quer impedir que ajudemos os civis que ela fere", declarou a ministra sérvia da Saúde, Loposava Milicevic, que foi com os jornalistas a Nis.


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