São Paulo, Sábado, 08 de Maio de 1999
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SEM RUMO
China diz que ataque foi um "erro bárbaro" e pede reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU
Míssil da Otan atinge embaixada chinesa

das agências internacionais


Mísseis disparados por aviões da Otan atingiram a Embaixada da China em Belgrado, à meia-noite local (19h de ontem, no horário de Brasília).
Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas e outras quatro estavam desaparecidas, segundo Pequim.
Uma pessoa teria morrido, de acordo com a agência de notícias iugoslava ""Beta".
A China, por intermédio de sua missão na ONU, qualificou o ataque de ""erro bárbaro" e exigiu o fim dos bombardeios.
Pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que deveria ocorrer ainda ontem em Nova York.
A Iugoslávia afirmou que 26 pessoas foram feridas nas explosões que atingiram o edifício no centro da capital iugoslava.
Até as 21h de ontem (horário de Brasília) a China ainda não havia se pronunciado oficialmente sobre o incidente. O ministro iugoslavo sem pasta Goran Matic disse que nenhuma das 26 pessoas apresentava ferimentos graves.
A ação foi mais um de erros cometidos ontem pela aliança militar ocidental. Bombas mataram 15 civis numa feira livre em Nis (leia texto abaixo) e outro míssil caiu por engano na Bulgária.
A destruição da embaixada pode complicar as iniciativas de paz lançadas na quinta-feira pelos países do G-7 (grupos dos sete mais industrializados) e pela Rússia.
A China é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com poder de veto. Pequim condena desde o início os ataques à Iugoslávia.
A proposta de paz, que prevê, entre outros pontos, a entrada de tropas internacionais de manutenção de paz em Kosovo, deve ser levada à aprovação do Conselho de Segurança antes de entrar em vigor.
O ditador iugoslavo, Slobodan Milosevic, ainda não se manifestou sobre as propostas de paz apresentadas pelo G-8. Mas os meios noticiosos oficiais indicaram que Belgrado recebeu bem o plano.
"O acordo conseguido em Bonn (Alemanha) é só o início de um processo muito complexo, que será provavelmente concluído com êxito", disse ontem a agência "Tanjug". "Mas é certo que o processo será muito longo."
Em documento firmado anteontem, em Bonn, a Rússia e os países do G-7 impõem à Iugoslávia sete pontos para o fim dos ataques da Otan. A declaração não menciona a presença de soldados da aliança ocidental em tropas de manutenção de paz que seriam enviadas a Kosovo sob liderança da ONU.
"A idéia que atribui aos EUA o papel de "polícia mundial" foi seriamente afetada", afirmou a "Tanjug". "O papel representado pela Rússia mostrou que sem bipolaridade não é possível conduzir a política mundial."
O secretário-geral da Otan, Javier Solana, porém, defendeu ontem a composição de forças observadoras "robustas" com "a Otan em seu centro".


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