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Corpos ficam espalhados pelas ruas
JULIJANA MOJSILOVIC
da "Reuters", em Nis
Três corpos ensanguentados jazem entre os escombros de uma
pequena rua dessa cidade do sul da
Sérvia na sexta-feira, depois que,
segundo autoridades iugoslavas,
os ataques da Otan atingiram um
hospital e uma feira livre, matando
15 pessoas e ferindo 70.
Uma das vítimas era uma senhora idosa, morta por estilhaços enquanto carregava cenouras compradas na feira numa sacola de
plástico. A 10 metros dela, um rapaz morto estava deitado em uma
piscina de sangue.
"É uma catástrofe", diz Smilja
Djuric, 73, parada ao lado do corpo. "Eu sobrevivi a duas guerras,
mas nunca vivi nada assim".
Do outro lado da rua, um homem, também idoso, com ferimentos na cabeça está deitado perto de caixotes de papelão, que serviam para ele vender ovos e cebolas.
Um pouco mais para baixo na
rua há um restaurante chamado
"Tri Fenjera" (três postes de luz),
onde, segundo um vizinho, uma
garçonete foi morta na cozinha.
Jovan Zlatic, o chefe distrital do
subúrbio de Medosevac, que denunciou ter havido um segundo
ataque, disse que pelo menos 11
pessoas morreram e 50 ficaram feridas. Novas vítimas, porém, acabaram aparecendo.
A clínica de patologia do principal hospital da cidade foi danificada. Quase todas as janelas foram
estilhaçadas. As paredes estão
marcadas com pequenas crateras,
que parecem ter sido causadas por
uma arma que lançou estilhaços
por uma grande área.
A polícia diz que foram bombas
de fragmentação, normalmente
usadas contra soldados em campos de batalha. Mais de dez latas
amarelas com pára-quedas são visíveis na rua que leva ao hospital.
Mais de 20 dessas latas-bomba
estão na área ainda sem terem explodido. A polícia pede cuidado às
pessoas que estão caminhando pelo local.
Em um estacionamento perto do
hospital, cerca de 14 carros estão
queimados e mais meia dúzia com
vidros quebrados e pneus vazios.
Radmila Mitrovic, 59, estava
chorando em frente a uma casa totalmente arruinada: "Quem quer
que tenha feito isso a nós, que Deus
os faça pagar".
"É possível que algo assim aconteça apenas um dia depois de chegarmos perto de um acordo de
paz?", pergunta o vice-premiê da
Sérvia Milovan Bojic, durante visita ao local.
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