DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos de pensão dos Estados Unidos são tão poderosos que muitos acreditam que eles, na prática, monopolizem o sistema de aposentadorias naquele país.
Mas os US$ 5 trilhões de seus portfólios -grosso modo, a metade do valor de todas as ações de Wall Street- servem de complementação para as aposentadorias de não mais que 45% dos 160 milhões de assalariados.
É também verdade que 77% dos aposentados dispõem de alguma aplicação ou poupança e podem eventualmente investir em ações. Mas o que realmente conta como sistema universal é a Previdência Social (Social Security).
Um aposentado norte-americano, depois de contribuir à Previdência oficial, recebe um benefício médio mensal de US$ 895. O que é quase 40% do salário pago a um trabalhador da ativa.
Assim, não é correto supor que a aposentadoria oficial é propositalmente pequena e que o cidadão é pressionado a comprar ações ou a ter cotas de um fundo para não envelhecer na pobreza.
Há dois tipos de fundos, aqueles criados por empresas para seus empregados e aqueles aos quais o assalariado adere como se estivesse comprando qualquer produto financeiro. Os de primeiro tipo são estáveis. O empregador compensa os prejuízos com a queda dos títulos no pregão. Os de segundo tipo são arriscados. Queda na Bolsa é sinônimo de queda no valor da aposentadoria.
O governo tem reduzido os investimentos na área social. Mas não há indícios de que o sistema previdenciário esteja perto de ser atingido por alguma proposta radical de reforma. Há um lobby no Partido Republicano, do qual faz parte José Piñera, que, como ministro de Pinochet, foi quem privatizou em 1981 o sistema de aposentadorias no Chile.
Sem mudanças de regras, a Social Security não corre riscos de desequilíbrio até 2041. A previsão anterior, mais "pessimista", era que, com o envelhecimento da população, o desequilíbrio viria em 2038. Há muito, mas muito tempo pela frente. (JOÃO BATISTA NATALI)


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