São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Mistérios cercam os nomes de possível equipe de governo caso Obama seja eleito

DE WASHINGTON

A definição de fato -embora ainda não de direito- dos dois competidores principais da corrida presidencial norte-americana suscitou duas perguntas, repetidas diversas vezes ao longo da última semana: o que quer, afinal, Hillary Clinton? E quem é de verdade Barack Obama?
A primeira é um mistério que a senadora não respondeu nem na tarde de ontem, ao anunciar oficialmente, em Washington, o fim de sua campanha pela vaga democrata na corrida presidencial. A segunda é mais complicada e dava título a editoriais recentes de jornais tão distintos quanto o "Washington Post", de centro, e o "Wall Street Journal", conservador.
Apesar de ter escrito duas autobiografias em apenas 46 anos de vida -as linhas da literatura recente que mais escrutínio sofreram, nas palavras de um livreiro- e ser tema de pelo menos uma dezena de livros, o senador democrata tem boa parte de sua plataforma de governo envolta em mistério.
Aos poucos, porém, vão ficando claros os nomes que estão por trás das principais áreas de uma futura administração Obama. O recluso David Plouffe, por exemplo, primeira pessoa fora de sua família a quem Obama agradeceu no discurso de vitória de terça-feira, em St. Paul, tem tudo para ser o que foi Karl Rove para George W. Bush, um braço-direito sem cargo definido mas com muita influência nas políticas.
Ex-arrecadador recordista do partido, um dos responsáveis pela estratégia vitoriosa das primárias, Plouffe disse em rara entrevista ao "Washington Post": "Até 4 de novembro, todo eleitor do país saberá que votar em McCain é dar um terceiro mandato a Bush".
Os vazamentos de uma futura equipe de Obama na Casa Branca passam por Plouffe, e ele controla os vazamentos como um encanador dedicado. Mas alguns nomes chegam à luz do dia. Um deles é o do diplomata Anthony Lake, secretário de Segurança Nacional de Bill Clinton de 1993 a 1997.
A ele se credita boa parte da política de negociação com os países considerados inimigos dos EUA, defendida por Obama no começo da campanha e que agora vem sendo reapresentada com tintas mais conservadoras, principalmente no caso do Irã e de Cuba.
Especialistas vêem na guinada ao centro o dedo do senador Christopher Dodd, ex-pré-candidato à vaga democrata nessa corrida e muito ligado ao time de política externa de Obama, para quem a continuidade da defesa da chamada "opção diplomática" a essa altura da corrida afastaria mais votos do que o contrário.
Um dos dois poderia ser o secretário de Estado de Obama. Isso se, na conversa que o democrata teve com sua ex-oponente na quinta à noite, esse cargo não tiver sido discutido. Afinal, parece cada vez mais inviável a hipótese de Hillary ser convidada a ser vice na chapa de Obama. A opção enfrenta resistência de todo lado, a começar pela casa do senador. (SD)


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