São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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entrevista

Especialista vê lado positivo em fenômeno

DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisadora filipina Dovelyn Agunias, do Instituto de Políticas Migratórias de Washington, estuda o impacto das migrações Sul-Sul sobre o desenvolvimento dos países pobres.
Em entrevista à Folha por telefone, ela explicou porque sustenta que as migrações Sul-Sul não são necessariamente um fenômeno negativo ("elas contêm mecanismos que não existem nos movimentos sul-norte e são positivas para os países em desenvolvimento") e elogiou a política migratória dos países do golfo Pérsico ("nenhum país rico conseguiu implementar uma política tão bem sucedida").
Leia a seguir os principais trechos: (SA)

 

FOLHA - Por que a senhora defende uma visão menos dramática das migrações Sul-Sul?
DOVELYN AGUNIAS
- As migrações Sul-Sul podem ser vistas como um problema, mas há muita esperança nesses fluxos. Eles contêm mecanismos que não existem nos movimentos sul-norte e são positivos para os países em desenvolvimento.
A maior parte dos migrantes é pobre e pouco qualificada, e muitos conseguem de fato uma vida melhor ao migrar. E eles muitas vezes preenchem lacunas na demanda por empregos.
As migrações Sul-Sul também produzem transferência de técnicas e conhecimento. O trabalho de uma enfermeira africana que migra para outro país do continente terá um impacto muito maior do que se ela for trabalhar no Reino Unido.

FOLHA - Como a sra. avalia a atuação dos governos e dos organismos internacionais diante do fenômeno?
AGUNIAS
- Nas conferências internacionais, todo mundo já reconhece que uma parte considerável da questão migratória está concentrada no eixo Sul-Sul. Esse entendimento não existia há cinco anos. Mas isso não se traduziu em ações concretas. Os políticos têm em mãos dados importantes, mas ainda não fizeram nada com eles.

FOLHA - O golfo Pérsico é citado como exemplo de gestão bem sucedida dos fluxos Sul-Sul...
AGUNIAS
- Nenhum país rico conseguiu implementar uma política tão bem sucedida como aquela que vigora entre os governos filipino e os do golfo Pérsico. No ano passado, quase 1,5 milhão de pessoas saíram das Filipinas para trabalhar legalmente na região. Cada uma pagou as devidas taxas ao governo filipino para viajar já com contrato assinado.
Governos de Bangladesh, Paquistão e outros países também coordenam seus fluxos de imigrantes rumo ao Oriente Médio. É um sistema que funciona, mas há problemas, principalmente em matéria de condições de trabalho e direitos humanos.
Os países do Oriente Médio não são democracias liberais. Não é por acaso que as Filipinas vão sediar o 2º Fórum Mundial sobre Imigração e Desenvolvimento, em outubro. E o encontro será voltado justamente para os direitos humanos.


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