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Há 31 anos no país, gaúcho vê vida melhor no Paraguai e não crê em desapropriação
DO ENVIADO AO PARAGUAI
Em 1977, o gaúcho Osvino
Martin, então com 19 anos,
morava com os pais em uma
pequena propriedade rural
em Toledo (oeste do Paraná).
Sonhava em se casar, mas, como milhares de filhos de pequenos agricultores, vivia o
drama da escassez de terra na
região. "Era muita gente para
pouca terra. O jeito foi procurar o eldorado no Paraguai",
disse ele, um dos cerca de 400
mil brasileiros que vivem hoje naquele país.
No começo, Osvino se fixou
na colônia Curupayty, em
Santa Rosa del Monday (departamento de Alto Paraná).
Trabalhou os três primeiros
anos como diarista, peão, cortador de lenha e implantador
de roças para terceiros. ""Contraí tétano e não morri por
milagre." Em 1981, voltou para Toledo para se casar com a
antiga namorada, Marlene,
hoje com 47 anos. Ele está
com 50.
Após se casarem, Martin e a
mulher compraram 20 hectares de terra de uma colonizadora brasileira (empresa que
atuava na corretagem de lotes). A produção nos anos seguintes pagou a propriedade.
Hoje, três filhos e três netos
paraguaios depois, o principal
vínculo de Martin com o Brasil é o Internacional de Porto
Alegre, time para o qual forçou o filho e os netos a torcer.
""Além do Colorado [apelido do Inter], tenho uma filha
no Brasil. Ela trabalha em
uma indústria farmacêutica.
Mas insisto em que ela e o
marido voltem ao Paraguai.
Aqui é mais fácil viver."
Os 20 hectares do início da
empreitada se transformaram em cem, após aquisição
de mais lotes. Ele e o filho,
Jetson, 18, produziram 5.000
sacas de soja na última safra.
Neste inverno, esperam produzir 3.000 sacas de trigo e
1.500 de milho.
Martin exemplifica a prosperidade com uma camionete
Nissan, comprada em janeiro,
financiada em 12 prestações,
mas quitada antecipadamente. ""Paguei tudo em abril, com
a venda da soja."
A filha mais velha, Cristiane, 25, casou com um paraguaio, descendente de brasileiros como ela. Hoje, cultivam soja em uma propriedade próxima à dos Martin.
Na década de 80, os pais e
dois irmãos de Osvino Martin
também foram embora para o
Paraguai. ""Meus irmãos estão
bem melhores do que se tivessem ficado no Brasil."
O agricultor brasiguaio disse não acreditar que Fernando Lugo vá fazer reforma
agrária em terras produtivas.
""Aqui no Paraguai ainda tem
muita terra para ser usada."
(JM)
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