São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Há 31 anos no país, gaúcho vê vida melhor no Paraguai e não crê em desapropriação

DO ENVIADO AO PARAGUAI

Em 1977, o gaúcho Osvino Martin, então com 19 anos, morava com os pais em uma pequena propriedade rural em Toledo (oeste do Paraná). Sonhava em se casar, mas, como milhares de filhos de pequenos agricultores, vivia o drama da escassez de terra na região. "Era muita gente para pouca terra. O jeito foi procurar o eldorado no Paraguai", disse ele, um dos cerca de 400 mil brasileiros que vivem hoje naquele país.
No começo, Osvino se fixou na colônia Curupayty, em Santa Rosa del Monday (departamento de Alto Paraná). Trabalhou os três primeiros anos como diarista, peão, cortador de lenha e implantador de roças para terceiros. ""Contraí tétano e não morri por milagre." Em 1981, voltou para Toledo para se casar com a antiga namorada, Marlene, hoje com 47 anos. Ele está com 50.
Após se casarem, Martin e a mulher compraram 20 hectares de terra de uma colonizadora brasileira (empresa que atuava na corretagem de lotes). A produção nos anos seguintes pagou a propriedade. Hoje, três filhos e três netos paraguaios depois, o principal vínculo de Martin com o Brasil é o Internacional de Porto Alegre, time para o qual forçou o filho e os netos a torcer.
""Além do Colorado [apelido do Inter], tenho uma filha no Brasil. Ela trabalha em uma indústria farmacêutica. Mas insisto em que ela e o marido voltem ao Paraguai. Aqui é mais fácil viver."
Os 20 hectares do início da empreitada se transformaram em cem, após aquisição de mais lotes. Ele e o filho, Jetson, 18, produziram 5.000 sacas de soja na última safra. Neste inverno, esperam produzir 3.000 sacas de trigo e 1.500 de milho.
Martin exemplifica a prosperidade com uma camionete Nissan, comprada em janeiro, financiada em 12 prestações, mas quitada antecipadamente. ""Paguei tudo em abril, com a venda da soja."
A filha mais velha, Cristiane, 25, casou com um paraguaio, descendente de brasileiros como ela. Hoje, cultivam soja em uma propriedade próxima à dos Martin.
Na década de 80, os pais e dois irmãos de Osvino Martin também foram embora para o Paraguai. ""Meus irmãos estão bem melhores do que se tivessem ficado no Brasil."
O agricultor brasiguaio disse não acreditar que Fernando Lugo vá fazer reforma agrária em terras produtivas. ""Aqui no Paraguai ainda tem muita terra para ser usada." (JM)


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