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Sem-terra já espreitam mudanças
DO ENVIADO AO PARAGUAI
Há cerca de um mês, o
casal Francisco Rodriguez, 53, e Issaria Rodriguez, 40, com cinco filhos
menores e uma neta, deixou o município de Campo
Nueve, no departamento
de Caaguazu (região central do Paraguai), por um
sonho: conseguir dez hectares de terra em Colonia
Yguazu, município de colonização japonesa em Alto Paraná.
O casal se juntou a outras 649 famílias acampadas próximas a 8.000 hectares de terra agricultáveis
que pertencem à cooperativa dos japoneses.
Pelo sonho da terra, a família se separou. Enquanto o pai e a mãe cuidam das
crianças menores no
acampamento, os cinco irmãos maiores ficaram em
Campo Nueve, trabalhando como diaristas.
""É um sacrifício a mais
na vida, mas vale tudo para
termos onde plantar um
milho, uma mandioca e
criarmos algumas galinhas", afirmou Issaria.
Francisco disse que sua
família, de descendentes
de guaranis, nunca foi proprietária no Paraguai. ""Segui o destino do meu pai,
do meu avô e dos meus irmãos, sempre no trabalho
para os outros. Agora, com
Lugo, chegou a hora de
mudar essa história. Vamos ter onde plantar."
Ele se assusta ao ser
questionado pela reportagem sobre possíveis dificuldades de implantação
da reforma agrária no Paraguai. Com minoria no
Congresso, Lugo tem como principal sustentáculo
o PLRA (Partido Liberal
Radical Autêntico), de seu
vice, Federico Franco. Só
que o partido já se pronunciou contra a movimentação das organizações de
sem-terra.
""Será que ele [Lugo] não
terá força? Mas nós, o povo de piripiri [chapéu de
palha], demos essa força a
ele. Não serão os liberais
que irão nos impedir."
Francisco disse estar
disposto a ficar até um ano
acampado à espera de terra. ""Para conseguir aprovar esse projeto de dar terra aos paraguaios nativos,
e não aos estrangeiros, como é hoje."
(JM)
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