São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Sem-terra já espreitam mudanças

DO ENVIADO AO PARAGUAI

Há cerca de um mês, o casal Francisco Rodriguez, 53, e Issaria Rodriguez, 40, com cinco filhos menores e uma neta, deixou o município de Campo Nueve, no departamento de Caaguazu (região central do Paraguai), por um sonho: conseguir dez hectares de terra em Colonia Yguazu, município de colonização japonesa em Alto Paraná.
O casal se juntou a outras 649 famílias acampadas próximas a 8.000 hectares de terra agricultáveis que pertencem à cooperativa dos japoneses.
Pelo sonho da terra, a família se separou. Enquanto o pai e a mãe cuidam das crianças menores no acampamento, os cinco irmãos maiores ficaram em Campo Nueve, trabalhando como diaristas.
""É um sacrifício a mais na vida, mas vale tudo para termos onde plantar um milho, uma mandioca e criarmos algumas galinhas", afirmou Issaria.
Francisco disse que sua família, de descendentes de guaranis, nunca foi proprietária no Paraguai. ""Segui o destino do meu pai, do meu avô e dos meus irmãos, sempre no trabalho para os outros. Agora, com Lugo, chegou a hora de mudar essa história. Vamos ter onde plantar."
Ele se assusta ao ser questionado pela reportagem sobre possíveis dificuldades de implantação da reforma agrária no Paraguai. Com minoria no Congresso, Lugo tem como principal sustentáculo o PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico), de seu vice, Federico Franco. Só que o partido já se pronunciou contra a movimentação das organizações de sem-terra.
""Será que ele [Lugo] não terá força? Mas nós, o povo de piripiri [chapéu de palha], demos essa força a ele. Não serão os liberais que irão nos impedir."
Francisco disse estar disposto a ficar até um ano acampado à espera de terra. ""Para conseguir aprovar esse projeto de dar terra aos paraguaios nativos, e não aos estrangeiros, como é hoje." (JM)


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