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Presidente peruano chama protestos de "conspiração"
Confrontos entre forças do governo e indígenas deixaram ao menos 60 mortos
Exército diz ter recuperado controle da região dos conflitos; levante se opõe a decretos que facilitam a exploração amazônica
DA REDAÇÃO
O presidente peruano, Alan
García, qualificou ontem de
"agressão subversiva contra a
democracia" os confrontos entre os indígenas e a polícia, que
acontecem desde sexta-feira
nas cercanias da cidade de Bagua, a 710 km de Lima. Pelo menos 60 pessoas morreram.
O direitista García, cujo governo tem apenas 30% de aprovação, afirmou que é preciso
responder ao movimento com
"serenidade e firmeza".
Segundo relatos de agências
de notícias, a situação na noite
de ontem se acalmou na região
dos conflitos, que chegaram ao
ápice na sexta-feira, levando o
governo a militarizar a área e
decretar toque de recolher.
Tropas peruanas, que retomaram o controle da área, ainda buscavam dois policiais desaparecidos após o fechamento
desta edição.
A crise eclodiu em abril,
quando o movimento indígena
convocou mobilização nacional, que vem bloqueando intermitentemente estradas, aeroportos e ameaçando cortar dutos de gás e petróleo.
O objetivo dos manifestantes
é a revogação de um conjunto
de decretos de maio de 2008,
estabelecidos para facilitar investimentos e exploração de recursos naturais na selva. Em
agosto passado, protestos indígenas pressionaram o Congresso, que invalidou um deles.
Shapiom Noningo, presidente da Comissão dos Povos Amazônicos, diz que ao menos 40
manifestantes foram mortos
pelas forças peruanas desde
quinta-feira.
O movimento indígena capturou um grupo de policiais e
ameaçou matá-los se o governo
não atendesse às suas reivindicações, mas anunciou ontem a
libertação de todos os reféns.
O governo peruano diz que
alguns policiais ainda estão em
poder dos manifestantes e acusa o movimento indígena de ter
matado 23 agentes do governo
-16 teriam sido degolados.
O presidente Alan García
qualificou os atos de "selvageria e barbárie".
A Bolívia, governada pelo
presidente indígena Evo Morales, criticou ontem o Peru pelas
mortes dos manifestantes. A
chancelaria peruana rebateu as
críticas, chamando as de "ingerência" em assuntos internos.
Os dirigentes amazônicos
pedem para quem o governo
constitua uma comissão nacional de alto nível, que tenha a
presença de observadores internacionais para que investiguem imparcialmente o ocorrido e determinem a responsabilidade pelas mortes.
Analistas avaliam que essa é a
pior onda de violência registrada no Peru desde o fim da militância do grupo Sendero Luminoso, nos anos 90, e a consideram o maior desafio enfrentado
por Alan García, que está no poder desde 2006.
Com agências internacionais
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