São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2010

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ONU deve votar amanhã sanções ao Irã

Documento, cujo texto está pronto, reconhece esforços de Brasil e Turquia em prol de uma solução negociada

Brasileiros e turcos convocam reunião para debater consequências da provável aprovação da nova resolução


France Presse
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (à dir.) caminha ao lado do colega turco, Abdullah Gul, em visita a Istambul

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

O texto que define a nova rodada de sanções contra o Irã reconhece o esforço de Brasil e Turquia por uma "solução negociada", mas reafirma que o país persa deve responder às preocupações da ONU com relação a seu programa nuclear.
O documento, obtido pela rede americana ABC com um diplomata, está pronto e deve ser votado amanhã.
Ontem, brasileiros e turcos convocaram uma reunião às pressas para pedir um debate público sobre as consequências da provável aprovação da resolução.
Mas, até ontem à noite, eles, que são contra a aplicação das sanções, conseguiram apenas marcar uma consulta fechada, na manhã de hoje, entre os 15 membros do Conselho de Segurança.
Segundo a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Viotti, a meta não é obstruir nem atrasar a votação. "Queremos fazer um debate político sobre a questão, em um contexto mais amplo."
Diplomatas de países pró-sanções questionaram o fato de a votação já ser acompanhada do posicionamento público de cada um, o que tornaria o debate inócuo.
Mas, para a brasileira, os votos discutem o texto que determina as sanções, e não o "contexto" -ou como ficam as relações com o Irã após aprovadas as sanções.

"DISCUSSÃO POLÍTICA"
"[A reunião de hoje] é uma discussão política, não muda a decisão do Conselho de Segurança de votar", disse Claude Heller, embaixador mexicano na ONU.
Susan Rice, embaixadora dos EUA na ONU, deixou o encontro, no fim da tarde de ontem, garantindo que a votação deve ser "logo" -possivelmente amanhã, e certamente até o fim da semana.
Os americanos são os maiores defensores da nova rodada de sanções contra o Irã, acusado por Washington de buscar armas nucleares -o que os iranianos negam.
Os outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança -Rússia, China, França e Reino Unido-, os únicos com direito a veto, já se posicionaram a favor do texto, que está "tecnicamente concluído", segundo envolvidos na negociação.
O chanceler do Brasil, Celso Amorim, disse ontem, em entrevista à TV Cultura, estar "extremamente preocupado com a forma como as sanções estão sendo negociadas".
Para Amorim, a falta de transparência nas conversas entre as potências "coloca em jogo a credibilidade do Conselho de Segurança".
O documento final tem poucas diferenças com relação ao que foi apresentado em 18 de maio, um dia após Brasil, Turquia e Irã terem selado um acordo para destravar o impasse nuclear.
A resolução, que deve ser aprovada, permite a inspeção de carga que entra e sai do Irã e endurece as sanções ao sistema financeiro do país, entre outras medidas.


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