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Casa Branca quer brechas pró-China e Rússia em lei
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Enquanto pressiona por
novo pacote de sanções contra o Irã na ONU, a Casa Branca tenta coordenar com o
Congresso a inclusão de
cláusulas de exceção para
"países cooperantes" na lei
de sanções unilaterais dos
EUA a Teerã, segundo fontes
envolvidas na negociação.
A intenção seria abrir brechas para Rússia e China,
contrariados com a restrita
lei que os políticos americanos querem fechar no fim do
mês.
A Casa Branca não comentou as negociações. Os EUA
dependem de ambos os países para passar o pacote de
sanções do Conselho de Segurança da ONU.
Por esse motivo, também
teriam feito concessões no
pacote, que deverá afetar
menos do que o desejado os
setores energéticos (vitais a
Pequim) e de armamentos
(importantes para Moscou).
O Brasil vê os dois processos com preocupação. No
Congresso, vem mantendo
reuniões para se inteirar da
finalização do texto.
A sanções unilaterais poderão barrar negócios nos
EUA até a quem faça parte de
grupos no exterior indiretamente ligados a setores energéticos iranianos.
O temor inicial é que as
sanções afetem o setor energético brasileiro, incluindo a
Petrobras.
A estatal hoje não tem projetos no Irã, mas é periodicamente listada pelos EUA entre empresas passíveis de punições por investir no país.
Segundo diplomatas, porém, a maior preocupação do
Brasil é com a mensagem política externa enviada por
sanções unilaterais duras.
O cálculo é que o texto poderia resultar em menos cooperação iraniana e na retirada do acordo nuclear fechado em Teerã com mediação
de Brasil e Turquia.
COM DENTES
Congressistas americanos
vêm mostrando resistência
em afrouxar a lei, pensada
para ter os dentes que devem
faltar no pacote da ONU.
Nem apelos internos, como os da Câmara de Comércio dos EUA, estão conseguindo amenizar o conteúdo
da sanções unilaterais.
A Câmara e o Senado americanos já têm suas leis de
sanções aprovadas e estão
agora harmonizando as duas
versões. O texto amplia as
chances de punições que
existem na lei americana.
Não se sabe quais seriam
os critérios para definição
dos "países cooperantes".
A Casa Branca não viu com
bons olhos o início da discussão dos projetos de lei na Câmara e no Senado, em 2009.
À época, Barack Obama
queria tempo para tentar engajamento diplomático com
o Irã. Com o fracasso da tentativa, o mandatário tenta
agora conseguir flexibilidade
do Legislativo.
Os russos, que negociaram
até reatores nucleares com
Teerã, têm sido vocais na
oposição às sanções unilaterais. O chanceler Sergei Lavrov afirmou que os EUA
"não entendem" que países
sujeitos a sanções da ONU
"não devem enfrentar sanções unilaterais extra sob nenhuma hipótese".
O prazo estipulado para
enviar o texto final a Obama
foi adiado pelos congressistas para o fim de junho, à espera do desfecho na ONU.
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