São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Casa Branca quer brechas pró-China e Rússia em lei

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Enquanto pressiona por novo pacote de sanções contra o Irã na ONU, a Casa Branca tenta coordenar com o Congresso a inclusão de cláusulas de exceção para "países cooperantes" na lei de sanções unilaterais dos EUA a Teerã, segundo fontes envolvidas na negociação.
A intenção seria abrir brechas para Rússia e China, contrariados com a restrita lei que os políticos americanos querem fechar no fim do mês.
A Casa Branca não comentou as negociações. Os EUA dependem de ambos os países para passar o pacote de sanções do Conselho de Segurança da ONU.
Por esse motivo, também teriam feito concessões no pacote, que deverá afetar menos do que o desejado os setores energéticos (vitais a Pequim) e de armamentos (importantes para Moscou).
O Brasil vê os dois processos com preocupação. No Congresso, vem mantendo reuniões para se inteirar da finalização do texto.
A sanções unilaterais poderão barrar negócios nos EUA até a quem faça parte de grupos no exterior indiretamente ligados a setores energéticos iranianos.
O temor inicial é que as sanções afetem o setor energético brasileiro, incluindo a Petrobras.
A estatal hoje não tem projetos no Irã, mas é periodicamente listada pelos EUA entre empresas passíveis de punições por investir no país.
Segundo diplomatas, porém, a maior preocupação do Brasil é com a mensagem política externa enviada por sanções unilaterais duras.
O cálculo é que o texto poderia resultar em menos cooperação iraniana e na retirada do acordo nuclear fechado em Teerã com mediação de Brasil e Turquia.

COM DENTES
Congressistas americanos vêm mostrando resistência em afrouxar a lei, pensada para ter os dentes que devem faltar no pacote da ONU.
Nem apelos internos, como os da Câmara de Comércio dos EUA, estão conseguindo amenizar o conteúdo da sanções unilaterais.
A Câmara e o Senado americanos já têm suas leis de sanções aprovadas e estão agora harmonizando as duas versões. O texto amplia as chances de punições que existem na lei americana.
Não se sabe quais seriam os critérios para definição dos "países cooperantes".
A Casa Branca não viu com bons olhos o início da discussão dos projetos de lei na Câmara e no Senado, em 2009.
À época, Barack Obama queria tempo para tentar engajamento diplomático com o Irã. Com o fracasso da tentativa, o mandatário tenta agora conseguir flexibilidade do Legislativo.
Os russos, que negociaram até reatores nucleares com Teerã, têm sido vocais na oposição às sanções unilaterais. O chanceler Sergei Lavrov afirmou que os EUA "não entendem" que países sujeitos a sanções da ONU "não devem enfrentar sanções unilaterais extra sob nenhuma hipótese".
O prazo estipulado para enviar o texto final a Obama foi adiado pelos congressistas para o fim de junho, à espera do desfecho na ONU.


Texto Anterior: ONU deve votar amanhã sanções ao Irã
Próximo Texto: Hillary pede volta de Honduras à OEA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.