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GUERRA SEM LIMITES
Plano surge em meio a relatos de possível ataque ao Iraque, que teria estoque clandestino do vírus da doença
EUA vacinarão 500 mil contra varíola
WILLIAM J. BROAD
DO "THE NEW YORK TIMES"
Os EUA irão vacinar em breve
cerca de 500 mil profissionais de
saúde e de serviços de emergência
contra a varíola como precaução
contra um ataque bioterrorista,
disseram funcionários do governo federal.
A administração está também
fazendo preparativos para realizar uma vacinação maciça do público em geral -uma política
abandonada há 30 anos- em caso de epidemia.
Desde 1983, somente 11 mil
americanos que trabalham com o
vírus da doença receberam a vacina, de acordo com os Centros para a Prevenção e o Controle de
Doenças.
O plano do governo é uma admissão de que os programas
atuais são insuficientes para combater uma grande disseminação
da doença.
Ele está sendo desenvolvido em
meio a relatos de planos de ataque
ao Iraque, país que, segundo especialistas em terrorismo, mantém estoque clandestino do vírus
da varíola que pode ser usado para fabricar armas biológicas.
Somente os EUA e a Rússia possuem estoques declarados do vírus. A varíola, altamente contagiosa, foi declarada erradicada do
planeta em 1980, oito anos depois
de os EUA terem interrompido as
vacinações rotineiras contra a
doença.
Até a sua erradicação, a varíola
matava cerca de uma em cada três
pessoas infectadas e não vacinadas. Como a imunidade pela vacina diminui com o tempo, muitas
pessoas já vacinadas são consideradas mais vulneráveis hoje.
Mas funcionários do governo
resistem a uma retomada da vacinação em massa, citando o provável risco de graves efeitos colaterais, inclusive a morte.
No mês passado, um comitê do
governo federal apoiou um plano
de criação de "vacinações em círculos", segundo o qual o pessoal
médico isolaria pacientes infectados e vacinaria as pessoas em contato com eles, formando um anel
de imunização em volta de um
surto da doença e de sua disseminação. Em teoria, isso seria possível porque a vacina impede o desenvolvimento da doença se aplicada até quatro dias depois da exposição ao vírus.
Os planos mais agressivos do
governo são possíveis por causa
do rápido crescimento do estoque
de vacinas após o aumento da
produção posterior aos ataques
terroristas de 11 de setembro.
"Agora podemos agir de forma
diferente porque temos mais vacinas", disse Donald A. Henderson,
conselheiro do secretário da Saúde, Tommy G. Thompson e um
dos líderes da ação global de erradicação da varíola.
Membros do governo disseram
que cerca de 100 milhões de doses
da vacina contra a varíola (160 milhões se diluídas) estão disponíveis e que, até o final do ano ou
pouco depois, haverá o suficiente
para toda a população dos EUA,
que soma mais de 280 milhões de
pessoas.
Críticos do plano do governo
afirmam que a abordagem de círculos de imunização, embora útil
para conter surtos naturais, terá
pouca ou nenhuma eficiência
contra um inimigo moderadamente capaz e disposto a causar o
máximo de vítimas.
"A não ser que o primeiro ataque seja muito pequeno e o agente infectante seja fraco, a vacinação em círculos não trará muitos
benefícios", disse Edward H. Kaplan, especialista em saúde da
Universidade Yale.
Outra crítica é a de que vários
fatores reduziram a eficiência do
método desde a erradicação da
doença: as populações agora têm
mobilidade muito maior, os níveis de imunidade são muito baixos e as tecnologias avançadas se
disseminaram, aumentando as
chances de o inimigo ter uma boa
capacidade bioquímica.
O problema da vacinação preventiva é que a vacina usa um vírus vivo, similar ao da varíola, que
pode eventualmente causar danos cerebrais ou mesmo matar.
Na época da vacinação maciça,
cerca de uma pessoa em 1 milhão
morria por causa dela.
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