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COLÔMBIA
Explosões ocorrem perto do Parlamento, onde novo presidente assumia o cargo; uma das bombas atingiu jardim do palácio
Atentado mata 15 durante posse de Uribe
DA REDAÇÃO
Ao menos 15 pessoas morreram
e 40 ficaram feridas ontem à tarde
em Bogotá após um atentado a
poucas quadras da sede do Congresso, onde o direitista Álvaro
Uribe Vélez, 50, tomava posse na
Presidência da Colômbia.
Ele assumiu para um mandato
de quatro anos prometendo acabar com a guerra civil que há quatro décadas assola o país. Fortes
explosões foram ouvidas do lado
de fora do prédio poucos minutos
antes de Uribe receber a faixa presidencial e fazer seu juramento, às
15h13 locais (17h13 em Brasília).
Segundo a polícia, foram ao menos duas explosões, provocadas
aparentemente por bombas lançadas por morteiros, possivelmente de morros adjacentes.
Uma das bombas foi lançada
contra os jardins externos do palácio presidencial de Nariño, provocando ferimentos em quatro
guardas. Segundo a polícia, o presidente Andrés Pastrana, que passou o cargo para Uribe, estava no
prédio no momento da explosão.
As mortes foram provocadas
por outra bomba a cerca de 800
metros do palácio, na sede do Instituto Médico Legal, numa região
de favelas conhecida como Cartucho. O bairro foi imediatamente
cercado por tropas do Exército
após o ataque.
As autoridades desativaram
ainda outras duas bombas colocadas por desconhecidos em ruas
próximas ao Congresso.
A polícia atribui os ataques às
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal
grupo guerrilheiro do país, que
declarou Uribe como alvo.
O novo presidente só foi informado sobre os ataques após o término da cerimônia de posse, pelo
presidente do Congresso, Luis Alfredo Ramos. Segundo ele, Uribe
teria dito: "Que problema!".
O presidente da Câmara, William Vélez, por sua vez, disse que
um membro da segurança de Uribe afirmou, após o ruído das explosões, que elas faziam parte do
protocolo militar.
Os ataques ocorreram apesar
das fortes medidas de segurança
tomadas para proteger Uribe. Pela manhã, outras quatro pequenas
bombas haviam sido lançadas em
diferentes regiões da capital. Uma
delas feriu 14 pessoas em frente a
uma academia militar.
Nas últimas semanas, as forças
de segurança do governo disseram ter descoberto ao menos dois
planos das Farc para assassinar
Uribe. Em abril, ele escapou ileso
de um atentado contra sua comitiva de campanha, em Barranquilla, que deixou quatro mortos.
Aviões e helicópteros da Força
Aérea Colombiana, apoiados por
um avião militar dos EUA, sobrevoavam ontem Bogotá. A partir
do meio-dia o governo emitiu ordem para fechar o espaço aéreo da
cidade e derrubar os aviões que
desrespeitassem a restrição.
Unidades especiais do Exército
e da Polícia Nacional foram mobilizadas para vários setores da cidade para tentar evitar ataques
durante a cerimônia de posse.
Vários tanques de guerra foram
colocados em pontos estratégicos
da capital, e cerca de 20 mil policiais e militares foram destacados
para patrulhar as ruas do centro
da cidade e estabelecer bloqueios
para revistar ônibus e veículos
particulares.
Do telhado de edifícios públicos
no centro da cidade, franco-atiradores do Exército e da Polícia Nacional vigiavam os 400 metros do
percurso de Uribe, num carro
blindado, entre a sede da Chancelaria e o Parlamento, antes da cerimônia da posse.
Por razões de segurança, a cerimônia foi realizada, pela primeira
vez na história, dentro do Congresso, e não ao ar livre, na praça
Bolívar, em frente ao Parlamento.
Em outras regiões do país, o governo disse que ocorreram sequestros de cerca de 20 trabalhadores rurais em Roblebonito e de
mais 12 pessoas em Antioquia
(noroeste) e os atribuiu às Farc.
Segundo uma fonte do governo
não identificada, ouvida pela
agência de notícias France Presse,
a programação de Uribe se manteria inalterada ontem, apesar dos
ataques. Apenas cinco presidentes latino-americanos estiveram
presentes na posse. O Brasil foi representado pelo presidente do
Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello.
Popularidade
Uribe foi eleito em maio, já no
primeiro turno, com 53% dos votos, prometendo "mão firme"
contra os grupos armados ilegais.
Segundo uma pesquisa divulgada ontem pelo jornal "El Tiempo", de Bogotá, ele assumiu o cargo com uma popularidade recorde, de 77%. Em seu discurso de
posse, ele disse que buscará um
"diálogo útil" para um novo processo de paz com os grupos armados, com a condição de que haja
um cessar-fogo prévio.
Uribe apresentou já ontem ao
Parlamento uma proposta de reforma política, que prevê a redução do Congresso, que passaria a
ser unicameral. A proposta inclui
ainda a possível concessão de cadeiras especiais a membros dos
grupos rebeldes que aceitassem
deixar as armas.
Com agências internacionais
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