São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Premiê afirma que TV do Qatar incita a violência; decisão contraria liberdade de imprensa, diz emissora

Iraque fecha sede da Al Jazira em Bagdá

DA REDAÇÃO

O governo interino iraquiano ordenou ontem o fechamento dos escritórios em Bagdá da rede de TV do Qatar Al Jazira por ao menos um mês -a decisão foi confirmada pelo premiê interino do país, Iyad Allawi, que defendeu a necessidade de "proteger o povo do Iraque". A emissora classificou o fechamento de "injustificável".
Segundo Allawi, o governo interino monitorou as transmissões da Al Jazira nas últimas quatro semanas e concluiu que a rede incita a violência e o ódio no país.
"É lamentável", declarou Jihad Ballout, porta-voz da TV do Qatar. "Essa decisão contraria todas as promessas feitas pelas autoridades iraquianas para garantir a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa", acrescentou.
"A princípio, acataremos a decisão, mas veremos quais medidas legais a serem tomadas", disse o advogado da rede Haide al Mulla.
Tutelado pelos americanos, o governo de Allawi manteve, desde que chegou ao poder no final de junho, as críticas à Al Jazira que eram feitas pela Casa Branca durante o regime da Autoridade Provisória da Coalizão no pós-guerra. Em abril último, o governo americano chegou a pedir ao Qatar que cortasse o financiamento público à emissora, após o secretário de Estado Colin Powell usar a Al Jazira como exemplo das "questões difíceis" das relações entre os dois países.
Na semana passada, o ministro iraquiano Falah al Naqib (Interior) acusara os canais árabes por satélite de encorajar seqüestros no Iraque ao exibir vídeos dos reféns ameaçados de execução. A retórica foi mantida ontem, quando um assessor de Allawi afirmou que a Al Jazira "encoraja criminosos e gângsteres" no país.
A acusação foi rebatida pelo porta-voz Ballout: "Não somos uma organização política favorável ou contrária a qualquer pessoa. Mostramos o que acontece nas ruas da forma mais objetiva e balanceada possível".
Ballout disse ainda que, apesar do fechamento de seu principal centro de operações no país, a Al Jazira continuará no Iraque.

Anistia
Allawi assinou ontem a lei que anistia iraquianos que cometeram crimes considerados de menor gravidade -pessoas detidas com armas e explosivos leves ou que forneceram ajuda a grupos terroristas, por exemplo. Condenados por assassinato, no entanto, não serão perdoados.
"Essa lei destina-se a indivíduos que tenham cometido crimes menores e que não tenham sido presos ou processados", disse Allawi.
Em Najaf (sul), houve tiroteios esporádicos entre soldados americanos e militantes xiitas leais ao clérigo Moqtada al Sadr, mas a maior parte da cidade estava deserta. Os líderes xiitas estão negociando um novo cessar-fogo na cidade e pediram à ONU que articule o fim das ações militares.


Com agências internacionais


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