São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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Aeronáutica do Brasil rejeita remédios para pilotos

DA REDAÇÃO

O uso de remédios para permitir que militares possam realizar missões de longa duração sem dormir em ação não é uma prática adotada pela Aeronáutica do Brasil, segundo a primeira-tenente Tiana Gusmão, médica do 6º Esquadrão de Transporte Aéreo.
"Não recomendamos nem rebite ou estimulantes como guaraná em pó, porque sabemos que a pessoa vai ficar com a falsa sensação de estar descansada, mas vai apresentar falhas", diz Gusmão.
"Isso é notado com freqüência em investigações de acidentes, tantos civis como militares. Oitenta por cento dos acidentes aéreos são causados por fatores humanos. E, desses 80%, 21% são relacionados a fadiga e sobrecarga provocada." É por isso, diz, que as missões de tripulações da FAB têm duração máxima de 12 horas.
Assim como a oficial da Aeronáutica, a neurologista Rosana Cardoso Alves, presidente da Sociedade Paulista do Sono, também vê com muitas reservas o uso de drogas contra o sono por militares em missões.
Alves afirma que médicos brasileiros já têm indicado a importação do Provigil para tratamento de pacientes que sofrem de narcolepsia. "Uma coisa é usar numa situação de guerra. Mas é uma boa indicação para casos de sonolência excessiva, que pode ser progressiva e incapacitante para o indivíduo", afirma. Ela conta que os pacientes não têm apresentado intolerância, mas ressalta que, por ser relativamente nova, ainda são necessárias mais pesquisas para se ter certeza que a droga não cause dependência nem danos colaterais graves.
Não existe previsão de lançamento do modafinil no mercado brasileiro. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o laboratório Libbs apresentou no ano passado um pedido de autorização para fabricação no país, mas depois solicitou o arquivamento do processo. (VITOR PAOLOZZI)


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