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análise
General é para os EUA aliado incompetente
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Há algo de patético na decadência política do paquistanês Pervez Musharraf, 65.
Antes discricionário, seu impeachment se tornou uma
questão capaz de reunificar
duas correntes de adversários civis que ele perseguiu
por oito anos.
Há o PPP (Partido do Povo
Paquistanês), do clã Bhutto,
e os islâmicos moderados do
PLM-N, liderados por Nawaz Sharif, deposto no golpe
militar de 1999. Os dois grupos divergiam sobre a recondução dos magistrados que o
general Musharraf destituiu
em novembro de 2007, tanto
que Sharif e partidários se
retiraram do governo do premiê Yousaf Raza Gilani.
Propor o impeachment do
ex-ditador foi agora para os
dois partidos um pretexto
para a reconciliação.
Musharraf já teve um lastro mais sólido. Nos dois primeiros anos como ditador
ele manteve boas relações
com o Taleban, radicais sunitas que exerciam o poder no
vizinho Afeganistão.
Pouco depois do 11 de Setembro, o grupo foi defenestrado por uma coalizão militar liderada pelos Estados
Unidos. E Musharraf, objeto
de sanções americanas e britânicas em razão do golpe de
estado de 1999, tornou-se
um aliado da administração
Bush para combater os extremistas escondidos na porosa fronteira afegã.
Os US$ 10 bilhões que a
partir de 2001 Musharraf recebeu do governo americano
fortaleceram ainda mais sua
ditadura e despertaram nele
o desejo de se legitimar.
Convocou em 2002 um
plebiscito sobre sua permanência no poder até 2007. É
claro que o venceu sem dificuldades. E elegeu um Parlamento submisso.
Receita desanda
Quis repetir a receita. Em
eleição indireta, virou presidente em outubro último.
Mas em setembro decretou o
estado de sítio e suspendeu a
Constituição porque a Corte
Suprema contestava a validade de sua eleição, concomitante ao exercício da chefia das Forças Armadas.
O Parlamento estava para
ser renovado. O governo
americano pensava em manter Musharraf, mas com Benazir Bhutto como primeira-ministra. Benazir foi assassinada em dezembro, as eleições foram adiadas para fevereiro, e o partido dela obteve ampla maioria.
Com o fim do segundo
mandato de Bush, é consensual nos Estados Unidos a
inutilidade de ter enviado
tanto dinheiro e armas ao
Paquistão. O Taleban nunca
esteve tão atuante, e Osama
Bin Laden, refugiado talvez
em território paquistanês,
continua à deriva. Musharraf
foi para Washington um aliado inoperante e ineficaz.
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