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EUA abandonaram redes de espiões
JEAN-DOMINIQUE MERCHET
do "Libération"
Ex-oficial do serviço de inteligência militar francês, Jean-Jacques Cécile é especialista em "serviços especiais". Na opinião dele,
os EUA deixaram de lado redes de
agentes para privilegiar a obtenção de informações por satélites
ou por centros de escuta. Essa opção, diz, prejudica a prevenção de
atentados como os de ontem.
Pergunta - Os EUA parecem ser
vulneráveis a esse tipo de ataque?
Jean-Jacques Cécile - Sim, porque não deram a devida atenção ao
que chamam de "Humit" (inteligência humana), as informações
de origem humana. Hoje em dia,
faltam fontes e contatos aos americanos. Há décadas eles vêm investindo essencialmente nas tecnologias do "Singit" (inteligência de
sinais), "Comint" (inteligência
de comunicações) e "Imint" (inteligência de imagens). Mas não é
possível detectar o que se passa na
cabeça de um chefe de grupo terrorista por meio de um satélite.
Pergunta - Será que faltam aos
EUA espiões para infiltrar os grupos terroristas?
Cécile - Para se precaver contra
ataques terroristas, é precisar contar com agentes próprios próximos aos centros de decisão. Existem duas maneiras de proceder: o
agente pode se aproximar de uma
fonte que está disposta a trair o
grupo ou é possível inserir no grupo um agente, forjando uma falsa
biografia para ele. Mas isso leva
anos, às vezes dezenas de anos.
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