São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA abandonaram redes de espiões

JEAN-DOMINIQUE MERCHET
do "Libération"

Ex-oficial do serviço de inteligência militar francês, Jean-Jacques Cécile é especialista em "serviços especiais". Na opinião dele, os EUA deixaram de lado redes de agentes para privilegiar a obtenção de informações por satélites ou por centros de escuta. Essa opção, diz, prejudica a prevenção de atentados como os de ontem.

Pergunta - Os EUA parecem ser vulneráveis a esse tipo de ataque?
Jean-Jacques Cécile -
Sim, porque não deram a devida atenção ao que chamam de "Humit" (inteligência humana), as informações de origem humana. Hoje em dia, faltam fontes e contatos aos americanos. Há décadas eles vêm investindo essencialmente nas tecnologias do "Singit" (inteligência de sinais), "Comint" (inteligência de comunicações) e "Imint" (inteligência de imagens). Mas não é possível detectar o que se passa na cabeça de um chefe de grupo terrorista por meio de um satélite.
Pergunta - Será que faltam aos EUA espiões para infiltrar os grupos terroristas?
Cécile -
Para se precaver contra ataques terroristas, é precisar contar com agentes próprios próximos aos centros de decisão. Existem duas maneiras de proceder: o agente pode se aproximar de uma fonte que está disposta a trair o grupo ou é possível inserir no grupo um agente, forjando uma falsa biografia para ele. Mas isso leva anos, às vezes dezenas de anos.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.