ISABEL VERSIANI
de Londres

O número de incidentes terroristas internacionais com vítimas fatais aumentou nos últimos anos em relação ao total de ataques, segundo dados do Centro de Estudos de Terrorismo e Violência Política da Universidade escocesa de Aberdeen.
Para David Claridge, pesquisador do centro, as vítimas dos ataques às embaixadas americanas devem engrossar essas estatísticas, já que, na sua opinião, as explosões foram obra de um grupo não-doméstico.

Folha - Quem pode ter sido responsável pelos ataques?
David Claridge - Eu acho que os ataques foram muito sofisticados para terem sido promovidos por um dos grupos terroristas africanos tradicionais. O mais provável é que tenha sido coisa de um grupo de fora da fronteira desses dois países, possivelmente do Oriente Médio e islâmico.
A África é, ou era, uma das poucas regiões livres desses tipos de incidentes no mundo e, por isso mesmo, podia ser considerada um alvo mais fácil para ataques.
Folha - Há alguma evidência de que o terrorismo é uma maneira eficiente de grupos políticos imporem as mudanças desejadas?
Claridge - É muito difícil generalizar. Alguns grupos podem ser considerados bem-sucedidos dependendo dos objetivos que se considera que eles tenham.
O IRA (Exército Republicano Irlandês), por exemplo, obteve concessões importantes, ainda que seus seguidores possam entender que ele tenha falhado no objetivo final (ver a Irlanda do Norte reunificada à República da Irlanda).
Folha - Como o número de ataques terroristas tem variado ao longo dos anos?
Claridge - No geral, o número de ataques tem caído. O que está crescendo, proporcionalmente, é o número de incidentes fatais.
Em 1985, foram registrados 479 incidentes terroristas, dos quais 22% causaram a morte de ao menos uma pessoa. Em 1996, de um total de 250 incidentes terroristas, 62, ou 24%, foram fatais. Nesse ano, 520 pessoas morreram em consequência de ataques terroristas. O maior número de mortes, 247, foi provocado por bombas.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice