São Paulo, quarta-feira, 08 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Putin se irrita com pressões por negociação

DA REDAÇÃO

O presidente russo, Vladimir Putin, descartou ontem qualquer possibilidade de negociação com rebeldes tchetchenos, vinculados ao seqüestro da escola de Beslan (Ossétia do Norte) e a outros dois atentados que deixaram mais de 450 mortos nas últimas semanas.
"Por que vocês não se reúnem com Osama bin Laden? Por que não o convidam a Bruxelas ou à Casa Branca para começar negociações, perguntar a ele o que deseja e dar isso a ele, para que nos deixe tranqüilos?", ironizou Putin, em entrevista a jornalistas estrangeiros.
"Por que deveríamos conversar com pessoas que matam crianças?", perguntou o presidente, que acusou os governos ocidentais de ter uma dupla moral com relação ao terrorismo. "Eles [tchetchenos] fazem essas ações com slogans religiosos, como Bin Laden. Por que não se referem a ele como rebelde, em vez de terrorista? Onde está a lógica?"
Em reforço à retórica do Kremlin, o secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, disse que o seqüestro em Beslan mostra que a guerra ao terror é global. "Vimos vivamente os extremos a que os terroristas estão dispostos a ir para alcançar seus objetivos", disse.
Já o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse ser necessário negociar com representantes tchetchenos não comprometidos com o terrorismo.
As afirmações de Putin contradizem relatos de outras autoridades segundo os quais o Kremlin negociou com os terroristas que tomaram a escola de Beslan, oferecendo o atendimento de ao menos uma demanda do grupo: a soltura de rebeldes tchetchenos.
O porta-voz do governo da Ossétia do Norte, Lev Dsugayev, disse ao jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" que os russos ofereceram "dinheiro, um corredor de fuga, helicópteros e aviões".
Em uma aparente retaliação, forças russas prenderam pelo menos 20 parentes dos líderes separatistas Shamil Basayev e Aslan Maskhadov, na Tchetchênia, no segundo dia do seqüestro. "Era para ser refém por refém", disse Akhmed Zakayev, ligado a Maskhadov.
Um porta-voz das forças militares russas disse porém que eles foram detidos para sua própria "proteção".
Putin afirmou também que haverá uma investigação sobre as ações das tropas russas no seqüestro.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Terror na Rússia: Vídeo revela terror vivido pelos reféns
Próximo Texto: Artigo: Não há causa, só o prazer de matar e morrer
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.