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ÚLTIMA PARADA
Local abriga pessoas detidas desde a passagem do Katrina; maioria é acusada de saques
Terminal de ônibus vira cadeia provisória
ALEX BERENSON
DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA ORLEANS
A cidade está sem postos de
combustível, armazéns, entrega
de correios e hospitais. Está quase sem população também. Mas
ela tem cadeia. Com todas as
principais prisões de Nova Orleans e redondezas fechadas em
razão da inundação, uma cadeia
provisória foi aberta no terminal
de ônibus de turismo perto do
centro da cidade.
A cadeia vai abrigar os acusados de saques e outras pessoas
detidas em Nova Orleans e cidades vizinhas, mantendo-as detidas até que possam ser enviadas
a um centro correcional estadual
em St. Gabriel, 110 km a noroeste
da cidade. Ali elas serão acusadas formalmente e terão a oportunidade de sair sob fiança.
"A cadeia é o início da reconstrução da cidade", disse Burl
Cain, o diretor do presídio estadual de Angola, no leste do Louisiana. As autoridades estaduais e
locais cooperaram para a criação
da cadeia no terminal. O xerife
da paróquia (bairro) de Orleans,
Marlin Gusman, comanda a cadeia, mas o quadro de funcionários é composto principalmente
por carcereiros emprestados do
presídio de Angola e por voluntários do Kentucky.
A prisão principal de Orleans,
uma área do tamanho do condado que engloba a cidade de Nova
Orleans, continua debaixo d'água. Os 6.000 detentos que ocupavam várias cadeias estaduais e
locais no momento da passagem
do Katrina foram removidos para fora da cidade, disse o xerife
Gusman. A cadeia temporária é
o lugar para onde a polícia leva
as pessoas que está prendendo
agora, disse ele.
Do lado de dentro, a cadeia
não tem muita aparência de cadeia, e sim de estação de ônibus.
Os presos são fotografados e têm
suas impressões digitais tiradas,
então são transferidos para pequenos cercados fechados com
arame farpado erguidos na área
atrás do terminal. Atrás do balcão de passagens, médicos
aguardam para cuidar de presos
ou guardas feridos. Uma pequena placa escrita à mão diz "bem-vindos ao novo Angola Sul".
Na segunda-feira a situação no
interior da cadeia era de tanto
calor e umidade quanto no resto
de Nova Orleans, apesar dos
ventiladores ligados enquanto
os presos eram "processados"
pelos funcionários.
Lotação
A cadeia temporária tem 16
cercados, cada um com espaço
para 40 presos e vigiado por um
punhado de guardas armados.
Na noite de segunda-feira os cercados estavam quase todos vazios, com menos de cem presos
divididos entre cinco cercados,
três para mulheres e dois para
homens. Autoridades locais disseram na terça que 150 pessoas
foram detidas nos últimos dias.
A polícia de Nova Orleans ainda concentra sua atenção nas
missões de resgate e de patrulhamento das ruas. Ela está fazendo
poucas prisões, de modo que a
maioria dos presos vinha da paróquia (bairro) Jefferson, a oeste
de Nova Orleans. Segundo o xerife Gusman, eles tinham sido
detidos por vários delitos relacionados a saques.
A maioria dos presos se disse
satisfeita com as condições do
local, mas afirmou estar revoltada por não poder dar telefonemas. Vários deles pediram ao repórter que avisasse a seus pais
que estavam vivos e disseram
não saber como reconstruir suas
vidas quando forem soltos.
Tradução de Clara Allain
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