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Sequestros quadruplicam no México
Levantamento baseado em dados oficiais aponta um aumento de 417% no número de denúncias desde 2005
Presidente reconhece piora, mas a atribui às disputas entre cartéis rivais detonadas pela forte ação do Estado
GABRIELA MANZINI
DE SÃO PAULO
O número de sequestros
ocorridos no México quadruplicou em cinco anos, conforme levantamento divulgado
ontem pela Câmara dos Deputados do país.
Em 2005, o Ministério Público recebia menos de uma
denúncia deste tipo de crime
por dia -0,89. No ano passado, foram 3,19.
Neste primeiro semestre
de 2010, houve novo pico,
com 3,72 por dia, aumento de
417% nos últimos cinco anos.
O documento da Câmara
mexicana cita o Brasil como
um dos países com "nível similar" de sequestro, ao lado
dos vizinhos Equador, Venezuela e Colômbia.
"Todos", afirma o documento, "têm fortes conflitos
bélicos, de marginalização
ou integração social".
O levantamento da Câmara afirma, baseado em estatísticas da Secretaria da Segurança Pública, que, de janeiro de 2007 até junho de
2010, os Estados com mais
sequestros foram Chihuahua
(498), México (413), Distrito
Federal (380), Baixa Califórnia (287) e Michoacán (277).
Para comparação, no mesmo período, a Secretaria da
Segurança Pública do Estado
de São Paulo, cuja população
é cinco vezes maior que a do
Distrito Federal mexicano,
registrou 286 sequestros.
As cifras são tidas como
otimistas em relação aos casos não denunciados.
Estimativa de 2007 do Instituto Cidadão de Estudos de
Insegurança (Icesi) aponta
que, para cada sequestro registrado naquele ano, 16 não
foram denunciados.
Na semana passada, o presidente mexicano, Felipe
Calderón, admitiu que a violência aumentou e a relacionou à "guerra violenta entre
os grupos do crime organizado na sua disputa por territórios, mercados e rotas".
"A captura e a morte de importantes líderes criminosos
geraram nessas organizações criminosas expressões
de maior desespero."
Uma dessas organizações
foi responsável pela morte de
72 imigrantes ilegais há duas
semanas, incluindo ao menos dois brasileiros.
Desde 2006, a gestão Calderón encampa o combate ao
narcotráfico, que, desde então, matou 28 mil pessoas.
SEQUESTRADORES
O estudo da Câmara traça
também o perfil do sequestrador e da vítima.
O primeiro, segundo a Polícia Federal mexicana, tem
de 22 a 35 anos e entra em
uma espiral de violência: começa praticando roubos em
ruas e casas para, cerca de
um ano e meio depois, cometer o primeiro sequestro.
Mais de um quinto já foi das
Forças Armadas ou a polícia.
Já vítimas têm entre 16 e 30
anos. Mais de 40% delas são
comerciantes ou empresários; 21,3% são estudantes e
16,6% são funcionários.
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