São Paulo, quarta-feira, 08 de setembro de 2010

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Sequestros quadruplicam no México

Levantamento baseado em dados oficiais aponta um aumento de 417% no número de denúncias desde 2005

Presidente reconhece piora, mas a atribui às disputas entre cartéis rivais detonadas pela forte ação do Estado


GABRIELA MANZINI
DE SÃO PAULO

O número de sequestros ocorridos no México quadruplicou em cinco anos, conforme levantamento divulgado ontem pela Câmara dos Deputados do país.
Em 2005, o Ministério Público recebia menos de uma denúncia deste tipo de crime por dia -0,89. No ano passado, foram 3,19.
Neste primeiro semestre de 2010, houve novo pico, com 3,72 por dia, aumento de 417% nos últimos cinco anos.
O documento da Câmara mexicana cita o Brasil como um dos países com "nível similar" de sequestro, ao lado dos vizinhos Equador, Venezuela e Colômbia.
"Todos", afirma o documento, "têm fortes conflitos bélicos, de marginalização ou integração social".
O levantamento da Câmara afirma, baseado em estatísticas da Secretaria da Segurança Pública, que, de janeiro de 2007 até junho de 2010, os Estados com mais sequestros foram Chihuahua (498), México (413), Distrito Federal (380), Baixa Califórnia (287) e Michoacán (277).
Para comparação, no mesmo período, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, cuja população é cinco vezes maior que a do Distrito Federal mexicano, registrou 286 sequestros.
As cifras são tidas como otimistas em relação aos casos não denunciados.
Estimativa de 2007 do Instituto Cidadão de Estudos de Insegurança (Icesi) aponta que, para cada sequestro registrado naquele ano, 16 não foram denunciados.
Na semana passada, o presidente mexicano, Felipe Calderón, admitiu que a violência aumentou e a relacionou à "guerra violenta entre os grupos do crime organizado na sua disputa por territórios, mercados e rotas".
"A captura e a morte de importantes líderes criminosos geraram nessas organizações criminosas expressões de maior desespero."
Uma dessas organizações foi responsável pela morte de 72 imigrantes ilegais há duas semanas, incluindo ao menos dois brasileiros.
Desde 2006, a gestão Calderón encampa o combate ao narcotráfico, que, desde então, matou 28 mil pessoas.

SEQUESTRADORES
O estudo da Câmara traça também o perfil do sequestrador e da vítima.
O primeiro, segundo a Polícia Federal mexicana, tem de 22 a 35 anos e entra em uma espiral de violência: começa praticando roubos em ruas e casas para, cerca de um ano e meio depois, cometer o primeiro sequestro. Mais de um quinto já foi das Forças Armadas ou a polícia.
Já vítimas têm entre 16 e 30 anos. Mais de 40% delas são comerciantes ou empresários; 21,3% são estudantes e 16,6% são funcionários.


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