São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998

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CASO LEWINSKY
Líder da Igreja Batista do Sul diz que presidente deve deixar o poder para que seu exemplo não corrompa os jovens
Igreja de Clinton pede a sua renúncia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

O líder da Igreja Batista do Sul, maior denominação protestante dos EUA, está pedindo a renúncia do presidente Bill Clinton.
Paige Patterson diz que Clinton, filiado à Igreja Batista do Sul, deve renunciar "pelo bem da nação" e "antes que seu exemplo consiga corromper todos os jovens".
O apelo de Patterson aconteceu no dia do início formal da campanha para as eleições parlamentares de novembro. Ele ressalta o crescente isolamento de Clinton, por causa do escândalo Monica Lewinsky.
Aumenta o número de aliados políticos do presidente que se distanciam dele. O governador de Maryland, Costa Leste do país, Parris Glendening, que concorre à reeleição em novembro, cancelou jantar para arrecadar fundos para sua campanha ao qual Clinton estaria presente na semana que vem.
Assessores de Glendening disseram estar encontrando dificuldades para vender mesas no jantar porque muitas pessoas não desejam pagar para ver o presidente.
Quatro senadores do Partido Democrata, do governo, que não haviam opinado sobre o discurso em que seu colega Joseph Lieberman descreveu o comportamento de Clinton como "imoral e vergonhoso", divulgaram notas para apoiar o senador. Entre eles, Barbara Boxer, da Califórnia (Costa Oeste), concunhada de Clinton.
Também na Câmara, tradicionais aliados do presidente se afastam publicamente dele. Como James Moran, de Virgínia, Costa Leste, que declarou: "Acho que não há como escapar do processo de impeachment". A mesma opinião foi manifestada pelo senador Daniel Patrick Moynihan, de Nova York, também aliado de Clinton.
Na Casa Branca, sede do governo dos EUA, há uma clara divisão entre os assessores do presidente: os que tentam convencê-lo a negociar uma censura formal do Congresso para afastar a possibilidade de impeachment e os que não querem fazer nenhuma concessão.
O grupo mais combativo é liderado por Sidney Blumenthal, ex-jornalista que se tornou um dos principais conselheiros da primeira-dama, Hillary Clinton. Os que defendem negociação com o Congresso são comandados pelo chefe da Casa Civil, Erskine Bowles.
Mas aumenta o número de parlamentares para quem a possibilidade de encerrar o assunto com uma simples censura do Legislativo ao presidente já passou e que consideram que o processo de impeachment será inevitável. Entre os que agora expressam tal opinião está o líder da oposição no Senado, Trent Lott, autor da sugestão da saída da censura.
Uma das razões pela qual o processo de impeachment é considerado agora mais provável que antes são indicações de que o promotor independente Kenneth Starr vai acusar Clinton de obstrução da Justiça e falso testemunho diante do júri de inquérito do caso, crimes que a maioria dos norte-americanos considera graves.



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