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"Riscos da falta de ação são maiores", diz Blair
ROGÉRIO SIMÕES
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
O primeiro-ministro britânico,
Tony Blair, confirmou ontem que
submarinos britânicos baseados
no golfo Pérsico foram utilizados
para o lançamento de mísseis Tomahawk no ataque iniciado contra o Afeganistão. Blair disse ainda que, nos próximos dias, aviões
britânicos passarão a ser usados
na operação. A base britânica na
ilha de Diego Garcia, no oceano
Índico, também será utilizada.
Em um pronunciamento na sede do governo, em Downing
Street, o premiê disse que a ação
militar era arriscada, mas que "os
riscos da falta de ação são muito,
muito maiores". Blair afirmou
que nenhuma nação envolvida na
retaliação queria entrar em guerra. "Nós só estamos fazendo isso
porque essa causa é justa", afirmou. "Nós não descansaremos
enquanto todos os nossos objetivos não forem atingidos totalmente." O Ministério da Defesa
confirmou que três submarinos
britânicos -Trafalgar, Triumph
e Superb- participaram da operação.
O chefe de governo britânico
convocou o Parlamento, que está
em recesso, para uma sessão de
emergência hoje à noite.
Na sessão, Blair deverá receber
novamente o apoio da oposição.
Logo após o início dos ataques
contra o Afeganistão, o líder do
Partido Conservador, Lain Duncan-Smith, disse que apoiava a
operação. Em seu pronunciamento, o premiê também fez
questão de dizer que não estava
sozinho na Europa em seu apoio
incondicional a Washington. Ele
disse que França e Alemanha,
além do Canadá e da Austrália,
ofereceram-se para tomar parte
na operação.
O governo britânico continua
insistindo que os esforços da coalizão antiterrorismo não ficarão
restritos ao campo militar. Segundo Blair, as operações diplomáticas e humanitárias continuarão
paralelamente.
O premiê também mostrou
preocupação com o perigo da
morte de civis. "Nós faremos tudo
o que for humanamente possível
para evitar a morte de civis."
Blair falou da preocupação em
interromper o enorme fluxo de
refugiados que têm deixado o
Afeganistão. "Precisamos dar estabilidade às pessoas daquela região, para que elas fiquem naquela região."
Além dos três submarinos nucleares na região, o Reino Unido
possui 15 caças a bordo do porta-aviões Illustrious e 20 baseados
em Omã e Kuait, além de outros
posicionados na Arábia Saudita.
Apoio público
Analistas políticos britânicos
disseram ontem que Blair é um
político que se sente bastante estimulado a atuar em crises internacionais, como já havia mostrado
na campanha da Otan contra a Iugoslávia na Guerra de Kosovo
(1999).
Na época, aliados políticos disseram que ele poderia arriscar sua
carreira política se soldados britânicos morressem nas operações, o
que não ocorreu.
Assessores disseram que a intenção de Blair em seu pronunciamento ontem era preparar o país
para uma longa batalha.
"Não há dúvida de que ele se
mostrou à altura do desafio de
forma brilhante", disse o colunista político Andrew Rawnsley, autor de livro sobre o premiê trabalhista. Pesquisas mostram que
mais de 70% da população aprova
britânica a atuação de Blair na
atual crise.
O apoio público pode começar a
diminuir caso as ações militares
não tragam resultados ou causem
a morte de civis. Dezenas de pessoas se manifestaram diante da
sede do governo ontem contra a
guerra e pedindo que o dinheiro
gasto na operação militar seja
usado em benefício da população
britânica de baixa renda.
O apoio também pode diminuir
caso os terroristas realizem um
atentado no Reino Unido, já que o
país é o maior aliado dos EUA.
"A mais visível realização de
Blair tem sido seu brilhantismo
como comandante-em-chefe da
opinião pública", disse Rawnsley
à agência de notícias "Reuters".
Com agências internacionais
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