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CAUTELA ISRAELENSE
Peres elogia decisão "corajosa" de Bush, e governo diz que país não está sob ameaça
Israel manifesta apoio aos EUA, mas evita se envolver
SANDRA AISEN
FREE-LANCE PARA FOLHA, DE JERUSALÉM
Israel qualificou o ataque americano ao Afeganistão de uma decisão corajosa, e autoridades do governo reiteraram que o país não
pretende se envolver no conflito.
"Israel e o primeiro-ministro
desejam boa sorte às forças que
estão no momento conduzindo
essa guerra contra o terrorismo",
afirmou Raanan Gissin, porta-voz
do premiê Ariel Sharon.
"É uma decisão corajosa do presidente, acompanhada de um
pronunciamento muito convincente e tocante", afirmou o ministro das Relações Exteriores israelense, Shimon Peres, após ouvir o
discurso de George W. Bush.
Sharon foi avisado do ataque
pouco antes de seu início por um
telefonema do presidente dos
EUA. "O primeiro-ministro desejou sucesso a Bush, ao povo americano e às forças que estão em
campo", afirmou Arnon Perlman, assessor do premiê.
Segundo Perlman, Israel está
dando apoio de inteligência e logístico aos EUA, mas "não está
envolvido nessa guerra".
Segundo fontes da área de segurança, Israel teria solicitado aos
EUA que avisassem sobre o início
dos ataques com a maior antecedência possível para que o país
pudesse estar preparado.
Apesar de o governo ter afirmado não haver ameaça direta a Israel e ter evitado alarmar a população, o país teme se ver envolvido. Durante a Guerra do Golfo,
em 1991, o Iraque lançou mísseis
Scud contra cidades israelenses.
O objetivo era provocar uma
resposta israelense e comprometer o apoio de países árabes à coalizão então montada pelos EUA
para forçar o Iraque a desocupar o
Kuait. Mas os EUA pressionaram
Israel a não se envolver.
Desta vez, Israel também deve
ficar de fora da operação liderada
pelos EUA. "Não há ameaça contra Israel, e esta é uma guerra da
qual Israel não está participando", disse Tzippi Livni, integrante
do gabinete ministerial de Sharon. "Eu não recomendaria reconstruirmos a situação de 1991
porque isso não é o que está acontecendo", afirmou a ministra.
Desde os atentados terroristas
de 11 de setembro, houve um crescimento significativo da procura
por máscaras de gás em centros
de distribuição em Israel.
"Isso me lembra 1991. Parece
que eu já vi essa cena", disse a professora israelense Nina Hacker,
39. "Mas não estou nervosa. A vida continua." Não havia sinais de
medidas especiais de segurança
em Israel logo após o início da
operação. Segundo a rádio Israel,
Sharon deveria se encontrar com
assessores militares ainda ontem.
Em pronunciamento divulgado
ontem por uma TV árabe, Bin Laden disse que os EUA não voltariam a sonhar com segurança enquanto "a paz não reinasse na Palestina". Na semana passada, Sharon irritou a Casa Branca ao dizer
que Israel não aceitaria acordos
dos EUA com países árabes "a
custa de Israel". Bush disse que
considerava os comentários "inaceitáveis", e o premiê recuou.
A Autoridade Nacional Palestina afirmou que não haveria reação ontem de seu presidente, Iasser Arafat. Em Ramallah, na Cisjordânia, o grupo extremista islâmico Hamas qualificou a ofensiva
dos EUA como "puro terrorismo
contra pessoas inocentes".
Um israelense morreu ontem
em um atentado suicida realizado
por um palestino no norte de Israel. Os EUA fazem pressão sobre
palestinos e israelenses para que
seja cumprida uma trégua, acertada no final de setembro, temendo
que a morte de palestinos possa
alimentar o discurso anti-EUA,
maior aliado de Israel, nos países
islâmicos.
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