São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2001

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NO BRASIL

Presidente diz esperar que operações "não tenham consequências trágicas" e preservem civis

FHC apóia ataque e diz que luta não comporta hesitações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA

O presidente Fernando Henrique Cardoso manifestou ontem em nota oficial o apoio do governo brasileiro aos ataques dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha contra o Afeganistão. "Quero reiterar que essa luta é de toda a comunidade internacional e não comporta hesitações nem transigência", diz FHC na nota.
FHC havia declarado por antecipação, na semana passada, o apoio brasileiro a uma ação armada contra o Afeganistão -país que, segundo ele, treinava e protegia terroristas.
Ontem, depois de divulgar a nota, o presidente convocou os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Celso Lafer (Relações Exteriores) para discutir os efeitos da guerra. Hoje, discutirá o assunto durante almoço com o presidente da Argentina, Fernando de la Rúa, no Palácio da Alvorada.
FHC foi informado oficialmente do início das operações pelo secretário de Estado norte-americano, Colin Powel. Ele telefonou para o Alvorada, em nome de Bush, "para informar que essas operações visam exclusivamente objetivos militares e que procurarão poupar a população civil".
Desde os atentados contra os EUA, em 11 de setembro, FHC vem afirmando que a guerra não seria contra um povo, um país ou uma religião, mas contra uma rede de terroristas infiltrada em diversos países.
Na semana passada, disse que o Taleban, milícia que governa o Afeganistão, havia perdido a "base moral" para conviver entre os países civilizados, por proteger terroristas.
Ao ser informado dos ataques, o ministro da Justiça, José Gregori, determinou à Polícia Federal que reforce as medidas de segurança nos aeroportos brasileiros e que se intensifique a revista de bagagens e passageiros, principalmente em vôos internacionais.
Gregori relatou a FHC as medidas de segurança que estão sendo tomadas. Segundo a assessoria do ministro, o presidente não achou necessário convocar uma reunião do Conselho de Defesa Nacional para avaliar a situação.

Embaixada
Após o início dos ataques ao Afeganistão, a segurança na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília foi reforçada. O acesso principal à embaixada foi fechado e três viaturas da Polícia Militar e dez policiais controlam a entrada e saída de carros.
Não houve reforço policial na proteção às embaixadas do Reino Unido e de Israel, onde, desde 11 de setembro, há uma viatura e dois policiais.
Além do Brasil, os demais países do Mercosul -Argentina, Uruguai e Paraguai- vão reforçar a segurança contra o terrorismo na região.
No encontro de hoje com FHC, o presidente argentino discutirá possíveis medidas conjuntas de segurança.
A reunião, originalmente marcada para a noite, em São Paulo, para discutir os problemas econômicos dos dois países e o futuro do Mercosul, foi antecipada com a inclusão do novo tema na pauta de discussões.
No Uruguai, o presidente Jorge Batlle está utilizando as Forças Armadas nas tarefas de coordenação de inteligência no combate ao terrorismo. Os militares iniciaram suas operações no aeroporto internacional de Carrasco, em Montevidéu, no final da semana passada. A idéia agora é estender a atuação para outros locais.


Colaborou ROGERIO WASSERMANN, de Buenos Aires



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