São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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RUMO À GUERRA

Ele tentaria convencer ontem os americanos e a comunidade internacional de que há motivos para agir contra Bagdá

Bush discursa por apoio a ataque ao Iraque

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, fez um discurso à nação na noite de ontem em busca de apoio doméstico e internacional aos seus planos de atacar o Iraque e derrubar o ditador Saddam Hussein.
Bush voltou a acusar Bagdá de apoiar grupos terroristas, como a rede Al Qaeda, e de desenvolver armas de destruição em massa. Também disse que, se obtiver quantidade suficiente de urânio enriquecido, Saddam seria capaz de construir uma bomba atômica "em menos de um ano".
apresentou ao público os argumentos a Casa Branca vê Saddam como uma ameaça a ser contida com urgência.
"Enquanto há muitos perigos no mundo, a ameaça do Iraque se destaca. Por suas ações passadas e presentes, por suas capacidades tecnológicas, pela natureza impiedosa de seu regime, o Iraque é único", diria Bush durante um evento em Cincinnati (Ohio).
Embora dirigida ao público doméstico, a mensagem de Bush tentaria angariar também apoio internacional. Washington negocia no Conselho de Segurança da ONU a aprovação de uma resolução criando um regime de inspeção de armas no Iraque mais rigoroso e ameaçando o uso da força caso Saddam se negue a cooperar.
Enfrenta a oposição de França, China e Rússia, que se dizem abertos a negociar uma nova resolução contanto que ela não autorize os EUA a recorrer à opção militar em caso de fracasso da nova missão de desarmamento.
Ao mesmo tempo, o governo americano busca uma autorização no Congresso para, se necessário, atacar Bagdá.
No discurso, o presidente afirmaria que "aprovar uma resolução [no Congresso" não significa que a ação militar seja iminente ou inevitável". "A resolução dirá à ONU que os EUA falam com uma só voz e estão determinados a dar significado às exigências do mundo civilizado."
Bush já chegou a um acordo com a Câmara dos Representantes (deputados). Espera obter um aval para o uso da força do Senado nos próximos dez dias. Os democratas (oposição), que têm maioria entre os senadores e esperam voltar a dominar a Câmara após as eleições de novembro, estão divididos sobre o tema.
Alguns líderes importantes da oposição argumentam que Bush ainda não os convenceu de que Saddam seja uma ameaça tão imediata a ponto de justificar uma campanha militar que, além de cara, poderia inflamar o já virulento antiamericanismo no mundo muçulmano.
Pesquisas de opinião indicam que cerca de 60% dos americanos são favoráveis a uma guerra contra o Iraque. Esse apoio cai, entretanto, quando as pessoas são indagadas sobre a possibilidade de uma ofensiva dos EUA sem o apoio da ONU -Bush e seus assessores ameaçam agir unilateralmente contra Saddam se a comunidade internacional não tomar providências para desarmá-lo.
"Saddam deve se desarmar ou, em nome da paz, vamos liderar uma coalizão para desarmá-lo", diria o presidente ontem à noite.
Segundo o diário britânico "The Independent", as forças militares do Reino Unido esperam receber até o fim do mês ordens para iniciar preparativos de guerra.
Segundo um cronograma estabelecido por oficiais em Londres e Washington, uma campanha de bombardeios aéreos poderia começar no final de novembro, abrindo caminho para uma invasão por terra do Iraque no começo de 2003.


Com agências internacionais


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