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São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Decisão esbarra em resistência do conselho iraquiano ante tensão entre turcos e curdos no norte do país

Turquia aprova envio de até 10 mil soldados

DA REDAÇÃO

Por 358 votos a 138, o Parlamento turco aprovou ontem o envio de até 10 mil soldados ao Iraque. A solicitação, feita pelos EUA dentro de seu plano para substituir parte do contingente mantido no país, gerou descontentamento dentro do Conselho de Governo Iraquiano, sobretudo entre os representantes curdos.
Nos últimos 15 anos, conflitos entre turcos e curdos iraquianos na região fronteiriça (norte do Iraque e sudeste da Turquia) deixaram cerca de 37 mil mortos. Durante a Guerra do Iraque, tropas turcas chegaram a entrar no território iraquiano para evitar que o combate chegasse ao seu território, onde vivem 8 milhões dos 20 milhões de curdos, e fortalecesse o sentimento separatista.
Na noite de ontem, o conselho iraquiano emitiu um comunicado direcionado à Turquia em que rechaça a colaboração militar de países vizinhos. Mas Washington mostrou confiança de que convencerá o conselho a aceitar o apoio turco, a princípio voltado para a região central do país.
"Acreditamos que essas coisas possam e devam ser discutidas, pois as tropas turcas podem contribuir com a estabilidade. Trabalharemos nos detalhes para termos certeza de que os iraquianos concordarão com isso", disse Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado.
Já o Departamento da Defesa foi mais incisivo. "A coalizão está totalmente no comando da segurança", disse um funcionário do Pentágono que pediu para não ser identificado. "Nossa opinião é que eles [o conselho] devem abrir a cabeça e tentar lidar com isso."
O Conselho de Governo Iraquiano, formado por 24 representantes de diferentes grupos étnicos, religiosos e políticos do país, foi criado em julho pela autoridade americana e, apesar do poder consultivo, a ela está submetido.

Dinheiro
O envio dos soldados ainda não tem data definida. A decisão do Parlamento turco atende ao pedido feito anteontem pelo gabinete.
Em março, antes do início da guerra, os EUA haviam solicitado concessão de uso das bases turcas próximas à fronteira iraquiana. Na época, o gabinete acatou o pedido, mas o Parlamento vetou.
Com isso, um crédito de US$ 8,5 bilhões de Washington para Ancara ficou suspenso. Os EUA não retiraram a promessa, mas indicaram que a ajuda era condicionada à cooperação.
Agora, com o envio de tropas, o dinheiro deve chegar aos cofres turcos. Há duas semanas, o presidente George W. Bush assinou a concessão de garantias de empréstimos no valor citado.
Sem grande êxito, há meses os EUA vêm pedindo ajuda externa para custear a reconstrução e para liberar parte de seu contingente no país. Hoje estão no Iraque cerca de 130 mil soldados dos EUA, 11 mil britânicos e 14 mil de países como Espanha e Polônia.
Em discurso a famílias de soldados no Colorado, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, declarou que não tem idéia de quando as tropas retornarão para casa.


Com agências internacionais

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