|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUROPA
Para Bertrand Delanoë, o maior desafio para a social-democracia européia é aplicar políticas sociais e ser responsável nos gastos
Prefeito de Paris cobra parcimônia e união da esquerda
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O grande desafio atual para a esquerda social-democrata européia é, ao mesmo tempo, aplicar
políticas de cunho social e ser responsável no que tange às contas
públicas, de acordo com Bertrand
Delanoë, prefeito socialista de Paris e um dos maiores nomes da esquerda européia atualmente.
"Devemos ser social-democratas responsáveis. Não nego que a
esquerda européia enfrente dificuldades. Seu grande desafio é
ser, ao mesmo tempo, de esquerda, privilegiando políticas sociais
e de inserção dos menos abastados e buscando mudanças, e responsável no que se refere às contas públicas", explicou à Folha,
Delanoë, que participou de evento de prefeitos em São Paulo.
"Querer tudo mudar de um dia
para o outro é algo que buscamos
quando estamos na oposição.
Quando chegamos ao poder, contudo, não podemos fazer nada tão
rápido. Mas também não podemos chegar ao poder e só mudar
coisas marginais. Isso é muito perigoso porque desagrada ao eleitorado. O desafio da esquerda é o
mesmo desde seu nascimento: ser
reformista, voluntarista, responsável e autêntica", acrescentou.
Para Delanoë, o maior erro da
esquerda européia foi não ter trabalhado em conjunto. "Quando
estiver novamente no poder na
maioria dos Estados europeus, a
esquerda deverá ser muito mais
solidária, realizando as reformas
em conjunto. É necessário um esforço internacional", apontou.
"As lições dos últimos 15 anos
são que a esquerda não foi européia o bastante e que as estruturas
de elaboração de políticas sociais
na Europa não foram suficientemente federadas. A esquerda deve
ser uma força inteligente, cooperativa e estruturada a nível continental", disse o prefeito de Paris.
Devido aos desafios impostos
pela globalização e ao envelhecimento da população européia, o
Estado do Bem-Estar Social precisa evoluir, porém isso não significa que ele precise dar menos importância à saúde ou à educação,
por exemplo, de acordo com ele.
"O Estado do Bem-Estar Social
deve adaptar-se. Todavia também
devemos trabalhar para globalizar a social-democracia e seus objetivos. Como a escala do mercado é mundial, é, portanto, imprescindível que a democracia e a justiça social sejam tratadas na esfera
internacional", afirmou Delanoë.
Para ele, o exemplo do premiê
espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, é louvável. "Suas políticas
são sociais, mas responsáveis. Devemos manter as especificidades,
mas não podemos ter vergonha
de aprender com os outros."
"Devemos aprender a tomar
iniciativas conjuntas, a pensar
juntos no futuro da social-democracia e das sociedades européias.
Tenho muita consideração pela
experiência espanhola. Devemos
aprender com ela", disse Delanoë.
Por outro lado, ele admitiu que
discorda da decisão de Tony Blair,
premiê trabalhista britânico, de
apoiar a invasão do Iraque. "Trata-se de um homem respeitável,
mas sua posição não foi de esquerda porque, para nós, só se
pode ir a outro país para restabelecer a ordem ou abater uma ditadura sob duas condições: que o
objetivo seja baseado no respeito
do direito internacional e numa
decisão coletiva da ONU."
Texto Anterior: João Paulo 2º pede a teólogos análise do limbo Próximo Texto: Frase Índice
|