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Libertada, filha de Pinochet ataca Bachelet e se diz "presa política"
Governo ironiza declaração e compara Justiça atual com a vigente na ditadura
DA REDAÇÃO
Ao deixar a prisão depois de
dois dias, a filha mais velha do
ditador Augusto Pinochet, Lucía Pinochet Hiriart, enviou à
imprensa anteontem declaração onde se define como "presa
política" e acusa o governo Michelle Bachelet de influenciar a
Justiça de modo a provocar a
detenção de seus parentes.
"Os que aplaudem a nossa
prisão são os mesmos que, segundo as pesquisas, perdem
aceleradamente o apoio popular", escreveu Lucía em referência ao índice de 35% de
aprovação de Bachelet -o mais
baixo desde que assumiu. "Tenho fé que cedo ou tarde vai
deixar o governo essa ideologia
que corrói a integridade fiscal e
contaminou o Judiciário em
termos que o leva a cometer
abusos como este", continuou.
O governo reagiu. "Aqueles
que se fazem chamar de presos
políticos tiveram julgamento
de um juiz que todos conhecemos, com decisões apeláveis.
Creio que é bastante mais do
que tiverem os milhares de chilenos durante a longa noite que
viveu o Chile durante o regime
Pinochet", disse o porta-voz Ricardo Lagos Weber.
Lucía Pinochet Hiriart, sua
mãe e seus quatro irmãos, além
de 16 colaboradores próximos
do general, foram presos na última quinta-feira acusados de
malversação de verbas públicas. O desvio seria a origem de
bens da família Pinochet no
Chile e da fortuna que mantém
em contas no exterior, avaliada
em US$ 27 milhões.
O grupo teve liberdade provisória concedida pela Corte de
Apelações de Santiago anteontem. A instância deve analisar
hoje os recursos da defesa que
querem a anulação da ação,
movida pelo juiz Carlos Cerda.
Lucía também criticou Cerda, que viajou aos EUA para receber um prêmio em dinheiro
pelo trabalho em nome dos direitos humanos. "É inacreditável que [...] um juiz que viaja ao
exterior para receber um prêmio em dinheiro nos converta
em presos políticos no sentido
mais genuíno dessa expressão."
Segundo Lucía, que já respondeu a outros processos por
corrupção e já declarou sua intenção de entrar para vida política, o objetivo da operação é
"diminuir aos olhos da história
o governo que salvou o Chile de
sua hora mais negra".
O general Pinochet morreu
em dezembro passado sem ser
julgado pelas acusações de seqüestros e assassinatos durante durante seu governo, entre
1973 e 1990.
Com agências internacionais
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