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Para argentino, terrorismo busca novas áreas
DE WASHINGTON
Com o aumento da segurança
na tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina) depois de 11 de
setembro, a ameaça terrorista
busca outros pontos da América
do Sul. Essa é a opinião de Miguel
Angel Toma, chefe da Side, órgão
de inteligência do governo argentino. Segundo ele, os focos agora
estariam na região de Temuco, no
Chile e na "segunda tríplice fronteira", como apelidou a região entre Brasil, Bolívia e Peru. De Buenos Aires, por telefone, Toma falou à Folha.
(MA)
Folha - O sr. pretende entregar ao
governo brasileiro as mesmas informações fornecidas à CIA?
Miguel Angel Toma - É claro. Já
houve dois encontros entre a Side
e a Abin. Na semana que vem, viajo novamente ao Brasil. O nível de
intercâmbio entre as duas agências é maravilhoso, inédito. Quero
felicitar o esforço que o Brasil está
fazendo no combate ao terrorismo. Tem sido muito eficiente.
Folha - Mas o Brasil diz que não
há indícios de terror na região, enquanto o sr. constatou inclusive a
possibilidade de um encontro de líderes terroristas no Paraguai.
Toma - Não cabe a mim opinar
sobre o Brasil. Nós, argentinos, já
tivemos dois atentados graves em
nosso país. Temos elementos
muito sólidos para sustentar que
a tríplice fronteira foi preponderante nesses atentados.
Folha - Os últimos indícios de terror que a Side obteve também envolvem reuniões no Brasil?
Toma - Não. Estamos falando de
Ciudad del Este. Não do Brasil,
mas do Paraguai.
Folha - O sr. se reuniu recentemente com o diretor da CIA, George
Tenet. Nesse encontro, o sr. disse a
ele que a ameaça terrorista saiu da
tríplice fronteira para uma "segunda tríplice fronteira", entre o Brasil, a Bolívia e Peru. É verdade?
Toma - A atividade na tríplice
fronteira foi diminuindo nos últimos meses com o aumento da segurança. Estamos verificando
uma atividade crescente nessa região que você acabou de falar.
Mas há outras áreas.
Folha - Como foi o encontro do sr.
com Tenet?
Toma - Excelente. Antes, tínhamos uma relação péssima no nível de inteligência com os EUA.
Os EUA haviam deixado de confiar na inteligência argentina.
Quando assumi, tratei de recuperar nossa credibilidade e estreitar
nossas relações.
Folha - O governo argentino, em
outubro, fez um alerta sobre o aumento de atividades terroristas na
região e sobre a possibilidade de
agentes terroristas reagirem, no
nosso hemisfério, a um ataque contra o Iraque. O sr. poderia explicar
isso melhor?
Toma - A proximidade de um
ataque ao Iraque vai provocar o
aumento de atentados no mundo.
Somos obrigados a contemplar
essa possibilidade. O problema
primordial não é Foz de Iguaçu.
Quero deixar claro que o serviço
de inteligência do Brasil é excelente. Observamos o aumento de atividades de risco no Paraguai, e
não no Brasil. Há dados de inteligência que poderiam indicar que
esse encontro [terrorista] teria
ocorrido. Mas sobre isso não posso lhe dar informações.
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