São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2001

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LINHA DE FRENTE

EUA mantêm ataques na área de Candahar

Americanos fazem ofensiva nos arredores da cidade para impedir fuga de membros do Taleban

DA REDAÇÃO

Mesmo com a rendição do Taleban, os norte-americanos intensificaram ontem seus ataques nos arredores de Candahar e estão patrulhando a área com o objetivo de capturar Mohamad Omar, o líder da milícia extremista, que está desaparecido.
"À medida que vemos alvos emergentes e boas oportunidades, vamos atrás deles", disse Victoria Clarke, porta-voz do Pentágono. Questionada se a aviação norte-americana estava atacando as tropas que saíam da cidade, a porta-voz disse não ter conhecimento de uma lista de "objetivos específicos".
Entretanto o general Tommy Franks, comandante das operações no Afeganistão, disse que as forças dos EUA estão operando com aliados anti-Taleban para tentar impedir a fuga de integrantes da milícia extremista.
Acredita-se que os integrantes do Taleban que ontem deixaram Candahar possam estar buscando abrigo em um conjunto de montanhas na Província de Zabul, localizado a noroeste de Candahar.
O líder tribal pashtu Hamid Karzai, chefe do futuro governo interino do Afeganistão, afirmou que os membros da milícia extremista desrespeitaram o acordo para deixar Candahar sem suas armas -saíram da cidade levando seus equipamentos.
Franks não descartou a possibilidade de os fuzileiros navais americanos que estão ao sul de Candahar entrarem na cidade.
Segundo o general, a situação em Candahar "continua instável". "Levará dois ou três dias para termos um relato confiável sobre a situação na cidade", afirmou o comandante dos EUA.

Primeiro combate
Os fuzileiros navais destruíram um comboio de supostos integrantes do Taleban e da rede terrorista Al Qaeda que tentou furar o bloqueio estabelecido pelos marines em uma estrada nos arredores da cidade que foi o último reduto do Taleban.
Foi o primeiro combate em solo dos marines desde que sua base, chamada de Camp Rhino, foi montada em uma pista de pouso abandonada no sul do Afeganistão, no último dia 25.
Segundo oficiais dos EUA, sete "combatentes inimigos" foram mortos no conflito, ocorrido em estrada próxima a Candahar.
O capitão David T. Romley, porta-voz dos marines, declarou que a ofensiva destruiu três veículos dos adversários.
Romley afirmou que a patrulha dos marines abriu fogo quando um veículo, que vinha na direção contrária e em alta velocidade, ignorou as advertências para que parasse.
Aeronaves da coalizão ocidental, provavelmente norte-americanas, foram chamadas para dar apoio às forças em terra e bombardearam os dois outros veículos que se aproximavam.
O militar afirmou que não houve baixas entre os marines na ação. Os sete combatentes foram mortos imediatamente -cinco estavam dentro dos veículos; os outros dois, em solo.
O capitão norte-americano não soube informar se as "forças inimigas" chegaram a atirar contra os marines.

Bloqueio
O combate de ontem ocorreu durante uma das ações iniciadas nesta semana pelos marines: o bloqueio das rotas da região. Antes da entrega de Candahar, essas operações tinham como objetivo impedir que o Taleban recebesse suprimentos e reforços. Agora, a meta é deter fugitivos.
O capitão Romley disse que, durante a noite de anteontem, patrulhas aéreas e terrestres de reconhecimento identificaram "elementos inimigos" em veículos não militares e a pé nas imediações da base dos EUA.
"Eles estavam sondando nosso perímetro em mais de um ponto", contou o militar, acrescentando que foi a primeira vez que os fuzileiros navais observaram uma movimentação desse tipo.
Ao perceber a movimentação, os marines dispararam morteiros e granadas contra os alvos. O grupo de jornalistas que acompanha as atividades na base dos EUA pôde ver a explosão dos morteiros e a fumaça que subia dos locais atingidos. Segundo os marines, nenhum corpo foi encontrado na região.
Romley confirmou ainda que a queda de um helicóptero dos EUA próximo à base na noite de anteontem feriu duas pessoas, um marine que estava a bordo e um outro que estava em solo.
Ele descartou a possibilidade de a queda do aparelho, um UH-1N Huey, ter relação com atividades inimigas, mas declarou que uma comissão foi convocada para investigar o caso e deve apresentar relatório em breve.


Com agências internacionais

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