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ANÁLISE
Bush quer evitar erro do pai
THOM SHANKER
DO "THE NEW YORK TIMES"
Os objetivos da guerra eram claros: derrotar o Taleban, que converteu o Afeganistão num templo
do terror, e destruir a rede terrorista Al Qaeda. A oratória da guerra era precisa: levar a julgamento
os responsáveis pelos ataques de
11 de setembro. Agora, com a rendição do Taleban em Candahar e
a fuga de seu líder, mulá Mohamad Omar, o presidente George
W. Bush encontra-se na mesma
situação de seu pai no final da
Guerra do Golfo, dez anos atrás.
Aquela guerra acabou com as
forças iraquianas fugindo para
Bagdá e a previsão de que a derrota provocaria a queda do presidente Saddam Hussein. Uma década depois, Saddam continua no
poder. Hoje, o segundo governo
dos Bushes tenta garantir que
Omar seja julgado de acordo com
a visão do presidente americano.
A Casa Branca já deixou clara sua
determinação de não permitir
que nenhum líder derrotado tenha voz, desta vez, sobre seu próprio destino. Washington rejeitou
anteontem um acordo de rendição de Candahar que implicava
numa anistia para Omar, conforme proposto pelo líder do futuro
governo interino afegão, Hamid
Karzai. Apesar disso, há uma profunda preocupação com a possibilidade de as negociações para o
fim da guerra deixarem os líderes
do Taleban escapar. "Nos últimos
dias, temos enfatizado, sublinhado e repetido nossa posição muito
clara de requerer disposição sobre
mulá Omar e Osama bin Laden",
disse um alto funcionário.
O Pentágono tem mantido
graus diferentes de cooperação
com grupos anti-Taleban. A conexão com os do norte é a mais
profunda; há menos cooperação
com os do sul. O maior distanciamento é com os combatentes da
Shura do Leste, que tentam entrar
nas cavernas onde os líderes da Al
Qaeda estariam escondidos e que
deverão apresentar suas próprias
condições aos EUA se Bin Laden
for capturado vivo. Karzai está
entre o sulistas, e o apoio americano a sua liderança poderá mudar
se os sulistas negociarem um
acordo que Washington julgue
contrário a seus interesses, principalmente tendo em vista que o vice-presidente Dick Cheney e o secretário de Estado Colin Powell
são veteranos do primeiro governo Bush e da Guerra do Golfo.
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