São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2001

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ANÁLISE

Bush quer evitar erro do pai

THOM SHANKER
DO "THE NEW YORK TIMES"

Os objetivos da guerra eram claros: derrotar o Taleban, que converteu o Afeganistão num templo do terror, e destruir a rede terrorista Al Qaeda. A oratória da guerra era precisa: levar a julgamento os responsáveis pelos ataques de 11 de setembro. Agora, com a rendição do Taleban em Candahar e a fuga de seu líder, mulá Mohamad Omar, o presidente George W. Bush encontra-se na mesma situação de seu pai no final da Guerra do Golfo, dez anos atrás.
Aquela guerra acabou com as forças iraquianas fugindo para Bagdá e a previsão de que a derrota provocaria a queda do presidente Saddam Hussein. Uma década depois, Saddam continua no poder. Hoje, o segundo governo dos Bushes tenta garantir que Omar seja julgado de acordo com a visão do presidente americano. A Casa Branca já deixou clara sua determinação de não permitir que nenhum líder derrotado tenha voz, desta vez, sobre seu próprio destino. Washington rejeitou anteontem um acordo de rendição de Candahar que implicava numa anistia para Omar, conforme proposto pelo líder do futuro governo interino afegão, Hamid Karzai. Apesar disso, há uma profunda preocupação com a possibilidade de as negociações para o fim da guerra deixarem os líderes do Taleban escapar. "Nos últimos dias, temos enfatizado, sublinhado e repetido nossa posição muito clara de requerer disposição sobre mulá Omar e Osama bin Laden", disse um alto funcionário.
O Pentágono tem mantido graus diferentes de cooperação com grupos anti-Taleban. A conexão com os do norte é a mais profunda; há menos cooperação com os do sul. O maior distanciamento é com os combatentes da Shura do Leste, que tentam entrar nas cavernas onde os líderes da Al Qaeda estariam escondidos e que deverão apresentar suas próprias condições aos EUA se Bin Laden for capturado vivo. Karzai está entre o sulistas, e o apoio americano a sua liderança poderá mudar se os sulistas negociarem um acordo que Washington julgue contrário a seus interesses, principalmente tendo em vista que o vice-presidente Dick Cheney e o secretário de Estado Colin Powell são veteranos do primeiro governo Bush e da Guerra do Golfo.


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