São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2010 |
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Dono do WikiLeaks se entrega à polícia Julian Assange se apresenta em Londres e tem negado pedido de liberdade; ele é acusado de estupro na Suécia Site promete continuar divulgando documentos secretos; Assange diz que as acusações têm "motivação política"
VAGUINALDO MARINHEIRO DE LONDRES Procurado pela polícia internacional desde o dia 20 de novembro, o criador do WikiLeaks, Julian Assange, se apresentou à polícia em Londres, foi ouvido por um juiz, teve negado seu pedido de liberdade e ficará preso pelo menos até o dia 14. O site emitiu comunicado prometendo prosseguir com o vazamento de documentos. Contra Assange há um pedido de extradição da Suécia, onde é acusado de molestar sexualmente uma mulher e estuprar outra em agosto. São identificadas como mulher A e mulher W, devido às leis suecas que vedam divulgar supostas vítimas em casos de abuso sexual. Uma diz que foi "atacada" enquanto dormia em sua casa em Estocolmo. A outra, que primeiro concordou com a relação, mas que desistiu quando Assange disse que não tinha preservativo. Segundo o depoimento dela, ele então usou o peso de seu corpo para forçar a penetração. Quatro dias depois, teria tentado mais uma vez uma relação forçada. Assange nega as acusações. Diz que tudo foi consensual, mas admite que não usou preservativo. Para ele, tudo é motivado pelo governo dos EUA, que quer intimidá-lo por estar contrariado com a divulgação de documentos diplomáticos secretos. BATALHA JURÍDICA O juiz perguntou a Assange se ele sabia do processo e se concordava com a extradição. Ele disse que não, que pretende ficar no Reino Unido e que teme que não haja julgamento justo na Suécia. Foi aberto, então, o processo de extradição, que pode demorar meses para ser concluído. Alguns especialistas falam em dez semanas, outros acreditam em mais, devido a possíveis recursos. Os advogados pediram que Assange aguardasse a conclusão do processo em liberdade, o que foi negado. O juiz aceitou o argumento sueco de que Julian Assange não tem residência fixa e poderia facilmente fugir. O próprio Assange não ajudou sua causa. Quando pediram seu endereço, deu o número de uma caixa postal. Perguntaram de novo. Ele disse: "Você quer essa informação para correspondência ou alguma outra razão?" Depois, deu um endereço na Austrália, país onde nasceu. Mark Stephens, um de seus advogados, minimizou a decisão. Disse que não podia ser vista como derrota porque são raras as vezes em que juízes aceitam a liberação na primeira audição. Ele ainda irá decidir se recorre na mesma instância ou na Suprema Corte do país. Stephens voltou a afirmar ter muito medo da influência política nesse caso. "Primeiro, a promotoria sueca disse que não havia elementos para um processo. Depois, com as mesmas alegações, reabriu o caso e pediu a prisão." Segundo ele, seu cliente tentou sem sucesso ter acesso às acusações. "Não é necessária uma extradição. Se querem falar com Julian Assange, ele pode ser ouvido aqui mesmo." A promotora Marianne Ny, responsável pelo caso na Suécia, negou que haja influência política. CURIOSOS Bastou o anúncio de que Assange seria levado para uma corte no centro de Londres para centenas de curiosos correrem para lá. Alguns famosos também apareceram. O cineasta Ken Loach, o jornalista e documentarista John Pilger e a socialite Jemima Khan foram se oferecer como fiadores para a soltura de Assange. Ele está numa prisão em Wandsworth, sul de Londres, uma construção de 1851 e o maior presídio do país. Por ainda não ser condenado, não precisa usar uniforme de presidiário. Também pode receber visitas todos os dias e fazer ligações telefônicas. Próximo Texto: Australiano diz que acusação é "perturbadora" Índice | Comunicar Erros |
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