DA REDAÇÃO

Cerca de 400 estudantes iranianos se manifestaram ontem em Teerã pedindo a renúncia do presidente Mohammad Khatami e o boicote das eleições parlamentares do dia 20, na qual mais de 2.000 candidatos reformistas estão impedidos de concorrer pelo Conselho de Guardiães.
Segundo os estudantes, o presidente -eleito prometendo reformas- capitulou diante das ameaças dos conservadores. Antes, os estudantes viam em Khatami um herói que poderia implementar reformas liberalizantes.
O pedido para que Khatami renuncie talvez não reflita a posição da maior parte dos estudantes e dos reformistas iranianos. O protesto de ontem reuniu apenas os membros mais radicais dos movimentos estudantis e ficou restrito à Universidade de Teerã.
A manifestação não conseguiu reunir milhares de estudantes nas ruas da capital iraniana, como já ocorreu em episódios anteriores. O batalhão de choque da polícia iraniana impediu que os estudantes passassem pelos portões da universidade, tradicional bastião dos reformistas. Não foram registrados incidentes graves.
O protesto foi a primeiro desde que o conselho decidiu manter o impedimento a boa parte dos candidatos reformistas, apesar da renúncia em massa de parlamentares pró-reforma há cerca de uma semana.
Entre os candidatos barrados pelo conselho -composto por clérigos e juristas islâmicos conservadores- estão 80 integrantes do atual Parlamento, todos aliados de Khatami.
A proibição acentuou ainda mais a crise política envolvendo reformistas e conservadores.
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, ordenou neste fim de semana que não se façam mais pedidos para que os bloqueios às candidaturas sejam levantados, acrescentando que as eleições devem ocorrer no dia 20.
Khatami, que é contra os bloqueios, concordou ontem que as eleições serão realizadas mesmo sem importantes candidatos reformistas.