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Impacto de bomba matou Benazir, diz Scotland Yard
Relatório britânico desaponta aliados da líder da oposição morta em dezembro
Partidários afirmavam que ex-premiê fora vítima de tiros e acusavam serviço secreto; versão de Londres fortalece a de Islamabad
DA REDAÇÃO
Relatório de uma equipe da
Scotland Yard, divulgado ontem pela Embaixada britânica
no Paquistão, afirma que Benazir Bhutto, líder da oposição
morta em 27 de dezembro, sucumbiu a ferimentos provocados quando, com a explosão de
um homem-bomba, chocou a
cabeça contra a abertura do teto solar do veículo que ocupava.
Essa já era a versão do Ministério do Interior, que não obtinha credibilidade por ter sido
aparentemente ditada pela lógica de acomodamento político
do ditador Pervez Musharraf.
O Partido do Povo Paquistanês, que era dirigido por Benazir, argumentou na época -e
continua agora a argumentar-
que a dirigente foi abatida pelos
tiros disparados contra ela.
Para o PPP, a ditadura foi
cúmplice do atentado, ao não
dotar Benazir da necessária
proteção. Ela saía de um comício eleitoral em Rawalpindi,
nas cercanias de Islamabad.
Na época, partidários da líder
oposicionista também disseram que os tiros poderiam ter
partido dos serviços secretos
do ditador Musharraf.
O assassinato provocou uma
onda de violência no Paquistão,
levando ao adiamento de 8 de
janeiro para 18 de fevereiro das
eleições legislativas. Caso saia
amplamente vitorioso, o PPP
planejaria votar o impeachment do ditador.
Corpo não foi autopsiado
A Scotland Yard, em duas semanas e meia de investigação,
não obteve da família Bhutto a
autorização para exumar o corpo de Benazir e submetê-lo a
uma autópsia. O principal legista, Nathaniel Cary, trabalhou
com fotografias e raios X feitos
por equipe médica local.
A BBC diz que, por essas circunstâncias, o relatório dos policiais britânicos dificilmente
levaria a uma versão que todos
possam aceitar. As dúvidas permanecem. Há ainda o fato de o
local do atentado, em que morreram outras duas dezenas de
pessoas, não ter sido preservado para que os policiais estrangeiros o estudassem.
Sherry Rehman, porta-voz
do PPP que estava ao lado de
Benazir no momento do atentado e que em seguida preparou
o corpo dela para o sepultamento, reiterou ontem ter certeza de que os ferimentos foram provocados por tiros.
Outra conclusão da equipe de
policiais britânicos é de que
uma única pessoa foi responsável pela bomba e pelos disparos
com arma de fogo -que não
chegaram a atingir a dirigente.
A versão corrente era a de que
um terrorista atirou, e outro se
explodiu ao lado do veículo.
De qualquer modo, a Scotland Yard não investigou sobre os mandantes do crime.
Musharraf e os serviços secretos americanos o atribuem a
um grupo ligado à Al Qaeda,
chefiado por Baitullah Mehsud,
terrorista baseado nas regiões
montanhosas da fronteira com
o Afeganistão.
Ainda ontem a polícia paquistanesa disse que em janeiro prendeu duas testemunhas
identificadas pelos nomes Husnain Gul e Rafaqat, que confessaram ter participado do grupo
de cinco pessoas que planejou o
atentado de dezembro.
Com agências internacionais
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