São Paulo, Terça-feira, 09 de Fevereiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ALEMANHA
Governo perde eleição regional e terá de negociar com oposição novo projeto de cidadania
Derrota de Schroeder ameaça reformas

das agências internacionais

A derrota da coalizão governista nas eleições regionais de Hesse (centro-oeste do país, onde fica Frankfurt), anteontem, pode levar o governo alemão a revisar a proposta de modificação das leis de cidadania.
O chanceler (premiê) da Alemanha, Gerhard Schroeder, afirmou ontem que seu governo vai levar em frente os planos de reforma. Oskar Lafontaine, porém, ministro das Finanças e presidente do principal partido do governo, SPD (Partido Social-Democrata), disse que as consequências da derrota devem ser "avaliadas".
Segundo ele, é preciso encontrar uma solução "que possa ser apoiada por todos".
Os democratas-cristãos conseguiram 43% dos votos em Hesse, derrotando a coalizão de verdes e social-democratas que governava o Estado havia oito anos.
O resultado da eleição significou a perda da maioria na câmara alta do Parlamento, o que permite à oposição bloquear as propostas governistas.
A rejeição popular à proposta, que pretende conceder passaporte alemão a estrangeiros que moram há muito tempo no país e a filhos de estrangeiros nascidos na Alemanha, foi considerada a causa da derrota de Schroeder em Hesse.
Atualmente, apenas filhos de alemães, mesmo nascidos no exterior, têm direito à cidadania do país. A legislação data de 1913.
A proposta do governo de social-democratas e verdes, no poder há quatro meses e meio, prevê que residentes com mais de oito anos de permanência no país e filhos de estrangeiros que tenham ao menos um dos pais nascidos na Alemanha ou vivendo no país desde os 14 anos possam ter dupla cidadania.
A oposição democrata-cristã fez uma campanha contra a proposta. Os partidos de direita argumentam que a mudança na lei comprometeria a lealdade nacional e prejudicaria a integração dos estrangeiros ao país.
Ottmar Schreider, secretário-executivo do SPD, qualificou a campanha da oposição como uma "ação demagógica e xenófoba que potencializa o medo e afeta emocionalmente os eleitores".
Apesar da disposição de Schroeder de levar adiante a reforma, o resultado eleitoral em Hesse pode comprometer todos os projetos de seu governo.
Uma das propostas ameaçadas é a desativação das usinas nucleares alemãs, prioridade para o partido ambientalista.
"O caos desse governo em questões tributárias, de energia nuclear e sociais certamente contribuiu para nossa vitória", disse o presidente da CDU (União Democrata Cristã), Wolfgang Schäuble.


Texto Anterior: Aids leva ex-premiê francês à Justiça
Próximo Texto: Começa fase final do julgamento de Clinton
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.