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REAPROXIMAÇÃO
Ao chegar hoje à Itália, presidente iraniano rompe 20 anos de distanciamento do mundo ocidental
Khatami faz 1ª visita oficial ao Ocidente
das agências internacionais
O presidente do Irã, Mohamad
Khatami, chega hoje a Roma (Itália) para a primeira visita oficial de
um líder iraniano à um país do
Ocidente desde a Revolução Islâmica de 1979. Em setembro de 98,
ele esteve na ONU, em Nova York,
mas a viagem não teve caráter de
visita oficial aos EUA.
Na próxima quinta-feira, Khatami -visto no cenário internacional como um líder moderado que
tenta promover mudanças políticas e sociais em seu país sem contrariar a lei islâmica -deverá se
reunir com o papa João Paulo 2º,
num encontro também inédito.
A viagem está provocando protestos de iranianos no exílio e de
deputados italianos, que criticam
as violações aos direitos humanos
no país. "Nós não escondemos
nossas reservas em relação à situação dos direitos humanos no Irã,
assim como às posições do país em
termos de política internacional",
disse o primeiro-ministro italiano,
Massimo D'Alema.
"Mas julgamos que o presidente
Khatami trouxe esperanças de moderação e reformas. E isso precisa
ser encorajado", afirmou.
A Itália tem se destacado na recente tentativa de aproximação
entre a União Européia (UE) e o
Irã, motivada em grande parte por
interesses comerciais.
Em junho passado, o então premiê Romano Prodi se tornou o primeiro chefe de governo ocidental a
visitar o país desde 79.
Depois da Alemanha, a Itália é
um dos principais parceiros comerciais do Irã.
Há apenas alguns dias, o grupo
italiano de energia ENI e a companhia petrolífera francesa Elf-Aquitaine assinaram um contrato de
cerca de US$ 1 bilhão para explorar
campos de petróleo no Irã.
A Itália e a França aguardam medidas retaliativas por parte dos
EUA, que, desde 79, mantêm um
embargo econômico total ao Irã.
Um dos principais inimigos externos dos EUA na década de 80, o
Irã é acusado por Washington de
apoiar grupos terroristas internacionais e de desenvolver armas de
destruição em massa.
Numa tentativa de apaziguar o
governo norte-americano, a Itália
deverá tratar dos dois temas durante a visita de Khatami.
O presidente Khatami foi eleito
em 1997 com cerca de 69% dos votos, derrotando o candidato dos
setores mais conservadores. A vitória se deveu em boa parte aos votos das mulheres e dos jovens.
Ele prometeu liberalizar o regime islâmico iraniano, estimulando
a formação de uma sociedade civil
e o respeito às leis.
Acima dele, na hierarquia de poder do país, está o aiatolá Ali Khamenei, líder religioso máximo do
Irã, com quem Khatami trava uma
complexa luta pelo poder.
Khamenei comanda o setor mais
conservador no país, que domina
o Parlamento e o Poder Judiciário.
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