São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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OUTRO LADO
Segundo Fujimori, há um "complô" de organizações internacionais para prejudicar as eleições
Governo nega interferir na campanha

do enviado especial

Desde que iniciou sua campanha, há três meses, o presidente do Peru, Alberto Fujimori, vem negando reiteradamente que as Forças Armadas estejam trabalhando por sua candidatura.
"O governo não promoveu ingerência de espécie alguma", disse em entrevista recente.
Por volta de 15h30 de sexta-feira passada, a Folha acionou, por telefone, a assessoria de comunicação do Palácio Presidencial e enviou uma mensagem, pela Internet, solicitando uma posição sobre as denúncias de suposto envolvimento de militares na campanha. Porém, não houve resposta até as 23h (horário de Lima).
Em declarações anteriores, o presidente peruano afirmou que as acusações relacionadas às Forças Armadas são "uma tentativa de prejudicar as eleições".
Segundo Fujimori, seu governo é alvo de um complô de organizações não-governamentais estrangeiras, a quem acusa de estar por trás das denúncias.
O Ministério da Defesa também não se pronunciou. Respondendo a acusações feitas anteriormente, o ministro da Defesa, general Carlos Bergamino, negou que haja uma parceria entre as Forças Armadas e o comitê de Fujimori.
"Ninguém apresentou provas de nada", afirmou o general, em entrevista publicada neste mês. Segundo ele, os militares se mantiveram fora do processo eleitoral, conforme determinam as leis.
Destacado para falar com a imprensa na sexta-feira, o funcionário do JNE (corte eleitoral suprema do Peru) Rolly Pacheco disse à Folha que a fiscalização contra o emprego de militares na campanha foi feita corretamente, porém não é infalível contra casos pontuais.
"Provavelmente algumas (das denúncias feitas à Folha pelo major das Forças Armadas) são verdadeiras . Mas esse militar deve saber que é passível de prisão."
De acordo com Pacheco, o JNE cumpriu com seus deveres de selecionar e capacitar os fiscais da votação de hoje, mas disse que "os presidentes de mesas de seções eleitorais têm de ser responsáveis, e o governo, escrupuloso".
"Atenho-me ao que dizem os porta-vozes do governo, que afirmaram reiteradamente o interesse em acatar as sugestões das missões observadoras", disse.
Segundo ele, o desvio de atas de registro de votos é difícil, já que cada uma tem quatro cópias, que serão enviadas a locais diferentes.
Ele assinalou também que "o sufrágio é um ato público e, portanto, pode ser fiscalizado por quem se interessar". De acordo com Pacheco, os jornalistas peruanos e estrangeiros poderão ser testemunhas da lisura do processo. "Esse é um elemento de controle muito forte", disse.
(LUCAS FIGUEIREDO)


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