São Paulo, sábado, 09 de abril de 2011

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EUA têm contagem regressiva para governo "fechar"

Sem acordo orçamentário, funções da administração federal devem parar hoje; última tentativa ocorreria ontem
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Salvo por um acordo emergencial na madrugada, os EUA amanhecerão hoje com o governo federal virtualmente suspenso por falta de financiamento.
É o resultado da queda de braço entre democratas e republicanos sobre o Orçamento de 2011.
Agências federais vêm funcionando desde o final do ano passado com fundos temporários, que se encerrariam à meia-noite de ontem.
Havia pouco tempo para um pacto que encerrasse o impasse até o fechamento desta edição -a saída mais simples seria aprovar outra verba temporária.
Se não for obtido nenhum acordo, cerca de 800 mil funcionários federais vão ser forçados a ficar em casa, sem pagamento, por tempo indeterminado.
Os 394 parques públicos, como o Yellowstone, devem fechar, assim como pontos turísticos gerenciados pelo governo federal, como a Estátua da Liberdade.
Sem mencionar museus, bibliotecas e todo o tipo de agências federais, das que emitem passaportes às que liberam licenças e empréstimos imobiliários.
Em Washington, até a coleta de lixo está ameaçada.
Apenas serviços essenciais, como policiamento e bombeiros, seguiriam funcionando. Mesmo a Justiça poderá ser atingida, com julgamentos civis adiados.
No Brasil e em outros países, atividades de consulados e embaixadas devem ser parcialmente suspensas. Não estava claro ontem se a emissão de vistos seria interrompida.
Congressistas, porém, continuarão a receber seus salários.

DIVISÃO IDEOLÓGICA
A disputa começou pelo tamanho dos cortes no Orçamento diante do deficit recorde do governo -estimado em US$ 1,5 trilhão.
Mas ao final parecia restrita ao conteúdo dos cortes, mais particularmente sobre fundos enviados a grupos de saúde feminina como o Planned Parenthood ("paternidade planejada").
A questão, de fundo ideológico, é que o Planned Parenthood, além de saúde preventiva, lida com abortos.
Apesar de não usar verba pública para esse fim, conservadores viram na elaboração do Orçamento uma oportunidade para cortar financiamento federal.
Se realmente não houver acordo, vai ser a primeira vez em 15 anos que o governo sofre impacto do tipo.
Entre novembro de 1995 e janeiro de 1996, a Casa Branca democrata e o Congresso republicano tiveram outra disputa pelo Orçamento.


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