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MULTIMÍDIA
Suécia cria o novo cargo de
ombudsman contra homofobia
ANTOINE JACOB
em Estocolmo
Caixas repletas de documentos
estão empilhadas no corredor e no
interior de seu escritório, situado
no centro histórico de Estocolmo.
Desde 1º de maio, Hans Ytterberg é
o ombudsman que combate a discriminação por orientação sexual
na Suécia -segundo ele, o primeiro do mundo a ter essa função. O
governo sueco lhe deu o título
abreviado de HomO, ou ombudsman da homossexualidade.
O novo HomO acabava de se mudar do Ministério da Justiça, onde
era conselheiro jurídico, quando
foi solicitado a comentar o atentado a bomba contra um pub gay em
Londres, no dia 30 de abril, que
deixou três mortos. Para ele, "esse
ódio terrível contra os homossexuais mostra que ainda há muito
por fazer". Ele concordou que fatos desse tipo também poderiam
acontecer na Suécia.
Segundo a Federação Nacional
de Gays e Lésbicas da Suécia
(FNGLS), nos últimos 12 anos pelo
menos 27 homens e mulheres foram assassinados no país por causa de sua homossexualidade real
ou presumida. Vários dos assassinos eram neonazistas.
"O mínimo que se pode exigir da
sociedade é que ela prenda os que
incitam ao ódio contra homossexuais", diz Ytterberg. Dirigindo-se
aos partidos políticos suecos, afirma: "O atentado de Londres vai
abrir os olhos de quem ainda duvidava da necessidade disso".
O Parlamento se mostra relutante em modificar a Constituição
sueca para qualificar como crime o
incitamento ao ódio contra homossexuais. O tema é delicado
porque implica uma restrição à liberdade de expressão, que faz da
Suécia um dos centros mundiais
de produção de música racista, a
chamada música do "poder branco", que despreza judeus, negros e
homossexuais em doses iguais.
A Suécia é um país curioso. Até
1979, o homossexualismo ainda
era oficialmente qualificado como
doença mental. Quinze anos mais
tarde, o país figurava entre os primeiros a autorizar o casamento civil de casais de gays e lésbicas.
Para Ytterberg, houve uma revolução nas últimas décadas. Ele próprio contribuiu para ela com sua
militância na FNGLS, que presidiu
durante dez anos.
Mas os preconceitos não morrem facilmente. Para políticos, revelar sua condição homossexual
ainda é tabu. Nas escolas, um dos
piores insultos que se pode fazer a
alguém é chamá-lo de "bicha".
Ytterberg poderá lançar campanhas de informação e abrir processos na Justiça contra as empresas
que afrontarem a lei contra a discriminação por orientação sexual
no local de trabalho.
²
Tradução de
Clara Allain
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