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análise
Um já foi, mas faltam centenas de milhares
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Abu Musab al Zarqawi foi
morto, mas a luta continua.
Os EUA tentarão capitalizar
ao máximo a vitória parcial,
como fizeram com a captura
de Saddam Hussein, mas o
fato é que o líder será substituído por outro, a insurgência seguirá e a guerra entre
sunitas e xiitas, a que importa de verdade, não deverá sofrer abalos. Alguns pontos:
1. A "guerra ao terror" ainda não acabou. "No máximo,
sofreu um arranhão", afirma
Michael O'Hanlon, analista
militar da Brookings Institution, em Washington. O conflito maior no Iraque não é
entre a Al Qaeda e os EUA ou
o governo iraquiano. É entre
xiitas e sunitas, como Zarqawi. "Se você matasse todos os
membros da Al Qaeda no
país, não resolveria o problema entre os dois grupos", diz
Stephen Biddle, analista de
defesa do Council on Foreign
Relations, em Washington.
2. Zarqawi não é insubstituível. Claro, ele já foi chamado de "príncipe" por Osama bin Laden e era a face
mais evidente da insurgência, até por ser o que mais
aparecia nos vídeos divulgados no Ocidente. "Mas Zarqawi não era significativo
operacional ou tecnicamente", crê O'Hanlon. "Ele era
carismático, um comunicador, mas eliminá-lo não vai
eliminar nem mesmo os vídeos, quanto menos a organização", concorda Biddle.
3. A morte do sunita não
fortalece necessariamente
os xiitas. O regime iraniano,
xiita, ganha em influência
com o enfraquecimento dos
sunitas, mas Zarqawi já vinha sendo visto como um peso por seus simpatizantes.
"Muitos sunitas discordavam dos métodos dele. Achavam que ele mais prejudicava do que ajudava a causa
mundialmente", diz Biddle.
"Seu peso vinha diminuindo
entre os sunitas nos últimos
meses", segundo O"Hanlon.
4. A ação que culminou na
morte do terrorista não é só
fruto da harmonia atual entre os governos do Iraque e
dos EUA. Os primeiros relatos citam a inteligência jordaniana e depoimentos de sírios presos no Iraque como
fundamentais. Outros dizem
que gente do comando sunita o entregou. Há ainda a hipótese do "popular" que teria
flagrado o líder da Al Qaeda
se movimentando de um esconderijo para outro e buscado os US$ 25 milhões prometidos pelos EUA. Nenhuma das hipóteses foi confirmada ou descartada ainda.
5. Bush tentará sair fortalecido. A Casa Branca já trabalha com o pé no acelerador
nesse momento em que sua
aprovação bate recordes negativos, a opinião pública começa a se cansar da guerra, e
os militares em ação no Iraque sofreram novo golpe na
reputação. Mas a história
não está ao lado do republicano. Quando Saddam foi
capturado, a aprovação do
presidente foi de 49% a 63%,
mas, em dois meses, voltou
ao patamar de antes. "As pessoas aprenderam que prender nomes-chave não acaba
com a guerra", diz Biddle.
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