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Oposição pede que Lula não interfira
DO ENVIADO ESPECIAL
O principal líder da oposição
boliviana, o cocaleiro Evo Morales, pediu ontem que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva não "entrasse no jogo" do crucial referendo sobre a exploração e a comercialização do gás boliviano, daqui
a nove dias. Já o oposicionista radical Felipe Quispe disse que Lula
deveria vir para ver os manifestantes "queimando as urnas".
"Brasil e Bolívia são dois países
irmãos, e os presidentes devem se
encontrar, mas, às vésperas da votação, a visita é um desacerto do
presidente [da Bolívia, Carlos]
Mesa. Não gostaríamos que Lula
entrasse nesse jogo", disse o deputado Morales em entrevista,
por telefone, à Folha.
Morales disse que Mesa vai usar
a visita de Lula na campanha a favor do referendo. Governo e oposição defendem posições distintas. O socialista, no entanto, poupou o presidente brasileiro: "Não
acredito que Lula saiba disso".
Morales criticou o fato de o encontro entre os dois presidentes
ter em sua agenda o gás natural.
"Peço que o presidente boliviano pare com essas negociações
enquanto não sair o resultado do
referendo. O tema deveria ser deixado de lado", afirmou.
Morales lidera a segunda maior
bancada do Congresso e foi um
dos principais líderes dos protestos que levaram à renúncia do ex-presidente Gonzalo Sánchez de
Lozada, em outubro. Em seu lugar, assumiu seu vice, Carlos Mesa, que não descarta renunciar caso seja derrotado no referendo.
Já o principal líder indígena do
país, o aimará Quispe, disse que
Lula está sendo manipulado tanto
por Mesa quanto por Morales.
"Seria melhor que Lula viesse
durante o referendo para nos ver
bloqueando estradas, marchando
e queimando as urnas."
Os protestos de 2003 exigiam o
fim dos planos de exportação do
gás via Chile e a revogação da legislação vigente. Ao menos 80
manifestantes morreram ao longo de três semanas de distúrbios.
No entanto, diferentemente de
Quispe, que defende o boicote no
próximo dia 18, Morales apóia a
realização do referendo, mas tem
posições distintas das do governo.
O referendo preocupa o Brasil
sobretudo por causa da Petrobras
Bolivia, hoje a maior empresa do
país -com US$ 1,5 bilhão de investimentos e 800 funcionários. É
o maior investimento da estatal
brasileira no exterior.
(FM)
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