São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Rebeldes ameaçam matar búlgaros; Pentágono planeja diminuir força em 2006

Insurgência mata cinco soldados americanos

DA REDAÇÃO

Cinco soldados americanos e cinco iraquianos morreram ontem em conseqüência de ataque contra uma base militar em Samarra. É o maior número de mortos americanos provocado por uma ação da insurgência iraquiana desde a devolução da "soberania" pelos EUA no último dia 28.
Os rebeldes detonaram um carro-bomba e depois dispararam morteiros contra o local, destruindo um prédio. Uma testemunha disse que o portão da base usada pelas forças americanas e pela Guarda Nacional do Iraque estava aberto e um veículo utilitário aproveitou o descuido para entrar. Segundos depois, ele explodiu. Na seqüência, os insurgentes dispararam 38 morteiros.
Segundo autoridades militares e funcionários de um hospital, um policial e quatro civis iraquianos também morreram -44 foram feridos, incluindo 20 militares americanos e quatro policiais iraquianos.
Os americanos localizaram a origem dos disparos dos morteiros com radares e em menos de meia hora iniciaram uma retaliação com helicópteros, tanques e o lançamento de morteiros. Uma mesquita foi atingida.
Samarra fica no Triângulo Sunita, região a noroeste de Bagdá, onde se concentra o maior número de simpatizantes do regime deposto de Saddam Hussein.
Na estrada que liga Samarra a Balad, insurgentes mataram dois motoristas turcos que estavam em um comboio de caminhões. Houve ainda explosões em Fallujah (oeste), Mishahda (norte) e Bagdá, onde o ataque provocou a morte de um ex-líder do partido Baath, ligado a Saddam.
A onda de violência aconteceu um dia após o governo interino ter anunciado a Lei Nacional de Segurança, um conjunto de medidas emergenciais que permite a suspensão temporária dos direitos dos cidadãos.
O "New York Times" publicou ontem texto em que afirma que o Pentágono já iniciou um planejamento de longo prazo para reduzir o número de soldados no Iraque. De acordo com o jornal, a informação foi passada por militares de alta patente.
Atualmente os EUA têm cerca de 135 mil homens no país e o Departamento da Defesa havia dito anteriormente que o número deveria ser mantido até o fim de 2005. As fontes ouvidas pelo "NYT" dizem que a redução poderá ser feita em 2006, considerando-se que o Exército e outras forças de segurança iraquianas estejam preparadas para assumir maiores responsabilidades. O Pentágono espera baixar o número de militares para cem mil, mas a hipótese de haver um aumento não é descartada se as condições de segurança piorarem.

Seqüestrados
Extremistas iraquianos ameaçaram ontem matar dois búlgaros num prazo de 24 horas se as forças lideradas pelos EUA não libertarem prisioneiros. Segundo a rede de TV árabe Al Jazira, o vídeo com a ameaça veio do grupo do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, acusado pelos EUA de ter ligação com a rede Al Qaeda. Não há informações sobre se os búlgaros são civis ou militares.
O governo das Filipinas proibiu ontem seus cidadãos de viajarem para o Iraque para trabalharem no país. A medida foi tomada depois que rebeldes divulgaram um vídeo em que ameaçam matar um refém filipino se Manila não retirasse do Iraque os 51 soldados que lá mantém.
Ao fazer o anúncio da proibição, a presidente Gloria Macapagal Arroyo não disse se as Filipinas vão prorrogar a estada dos soldados no Iraque -o prazo inicial termina neste mês. Apesar de o contingente militar filipino ser pequeno, há mais de 4.000 civis do país trabalhando nas bases militares americanas como cozinheiros e faxineiros e em outras tarefas de apoio. Ao menos três civis filipinos já morreram em ataques de insurgentes neste ano.
O Departamento de Estado informou que o marine Wassef Ali Hassoun, que havia sido seqüestrado há cerca de 20 dias por insurgentes iraquianos, está na embaixada dos EUA em Beirute (Líbano). A decapitação de Hassoun, cuja família tem origem libanesa, havia sido anunciada no último fim de semana e mais tarde desmentida.
Em Trípoli, cidade do norte do Líbano, duas pessoas morreram em um tiroteio envolvendo parentes do marine e membros de uma outra família. A acusação de que Hassoun e seus parentes seriam agentes americanos deu início à disputa.


Com agências internacionais e "The New York Times"


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