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Magistrados saem em defesa de colega refugiado no Brasil
Juiz boliviano pede refúgio sob justificativa de sofrer perseguição do governo Morales
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
A AMB (Associação dos
Magistrados Brasileiros) e
duas organizações internacionais de magistrados manifestaram ontem apoio ao
juiz boliviano Luis Hernando
Tapia Pachi.
O juiz, que há uma semana
decidiu fugir do seu país para
o Brasil, onde pediu refúgio,
diz ser vítima de "implacável
perseguição" por parte do
governo Evo Morales.
Em nota, a Federação Latino-americana de Magistrados, sediada em Buenos Aires (Argentina), pediu que
seja dada a máxima divulgação ao caso.
Para a entidade, o juiz decidiu pedir refúgio "pois em
seu próprio país não existem
garantias que respeitem os
seus direitos". Segundo a nota, Tapia Pachi sofreu "atos
de amedrontamento por parte do Poder Executivo durante vários meses".
A seção ibero-americana
da União Internacional de
Magistrados, entidade com
sede em Roma, qualificou o
caso de "intolerável ataque à
independência judicial".
ACUSAÇÃO
Pachi, da 8ª Cautelar de
Santa Cruz de La Sierra, foi o
juiz designado para o processo que apura a morte de três
supostos terroristas em abril
de 2009, em uma operação
da polícia boliviana.
À ocasião, o governo afirmou que os três estrangeiros
mortos na ação integravam
um complô para assassinar
Morales e declarar a independência do departamento
(Estado) de Santa Cruz.
O caso foi transferido para
La Paz. Segundo o juiz, a mudança se deu de "maneira tirânica" e em desrespeito ao
código de processo penal.
"Quando me coloquei contra, passei a ser perseguido."
Ele afirma que o filho sofreu
tentativa de sequestro, e a
mulher, ataque a tiros. Ele
ainda teve uma ordem de prisão decretada.
Para a AMB, um juiz "não
pode ser escolhido para apreciar este ou aquele caso, mas
sim designado aleatoriamente conforme regras de distribuição e competência".
Procurada pela Folha, a
assessoria de imprensa da
Vice-Presidência da Bolívia
disse que informaria as autoridades sobre as declarações
das entidades e que entraria
em contato para comentar as
críticas, mas não o fizera até
o fechamento desta edição.
Com GUSTAVO HENNEMANN, de Buenos Aires
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