São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2010

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EUA e Rússia formalizam acordo de troca de espiões

Dez agentes de Moscou se dizem culpados e são condenados à deportação

Em troca, presidente da Rússia perdoa e solta 4 presos por espionagem; desfecho do caso atende aos interesses bilaterais


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

EUA e Rússia oficializaram ontem um acordo de troca de presos envolvendo os dez supostos espiões detidos em solo americano. Eles seriam enviados a Moscou em troca de quatro russos que cumprem pena por atuar para os EUA.
Como parte do acordo, os agentes russos presos no final de junho se disseram culpados da acusação de atuar nos EUA sem se registrar e tiveram as deportações à Rússia decretadas em julgamento numa corte de Nova York.
Horas mais tarde, o presidente russo, Dmitri Medvedev, assinou perdão a quatro presos condenados por espionagem para os EUA -que também se disseram culpados-, e o Kremlin emitiu nota confirmando o acordo.
A expectativa era a de que o intercâmbio dos 14 presos fosse realizado ainda ontem, no maior acordo de troca de agentes entre EUA e Rússia desde o final da Guerra Fria.
O rápido desfecho do episódio vai ao encontro dos interesses dos dois ex-rivais, que agiram para evitar que o escândalo afetasse as suas relações bilaterais, que passam por um bom momento.
Segundo o Kremlin, o pacto foi firmado no contexto da "melhora das relações e para prover a elas nova dinâmica". Já os EUA alegaram "razões de segurança nacional".

O ESQUEMA
No dia 28 de junho, o Departamento da Justiça revelou a detenção dos dez agentes russos e apresentou denúncia de participação em esquema de espionagem da agência de inteligência SVR, sucessora da soviética KGB.
Segundo a Promotoria, as dez pessoas detidas na véspera viviam havia anos como casais americanos e tinham como objetivo se acercar de círculos de tomada de decisão, recrutar fontes e enviar informações para Moscou.
A revelação do caso provocou forte reação da Rússia, que qualificou as acusações de "infundadas e descabidas". Um dia depois, no entanto, baixou o tom e disse que o escândalo não deveria afetar as relações bilaterais.
Na mesma linha, os EUA evitaram disparar contra o governo russo e afirmaram querer "superar" o episódio.
Entre os presos perdoados ontem está o analista militar Igor Sutyagin, cujo nome já circulava como alvo de possível acordo. Relatos não confirmados indicavam que Sutyagin, condenado a 15 anos de prisão em 2004, já estaria em Viena, primeira escala do processo de liberação que deve terminar no Reino Unido.
Um 11º suspeito de espionar para Moscou foi preso na semana passada em Chipre ao tentar deixar a ilha mediterrânea em direção à Europa. Libertado sob fiança, no entanto, ele sumiu. Seu nome não foi incluído no pacto.


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