São Paulo, sábado, 09 de julho de 2011

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ANÁLISE

Discussão sobre a dívida do país entra na sua 'fase grega'


PESSOAS COM 5 KG A MAIS TÊM INCENTIVO PARA DIETA, MAS UMA COM 200 KG A MAIS NÃO; DEFICIT PODE TER ALCANÇADO ESSA DIMENSÃO

CHRISTOPHER CALDWELL

Os EUA gastam 25% de seu PIB em programas governamentais, mas levantam menos de 15% dele com impostos. Um governo que pega emprestado 40% do que gasta ruma para o colapso, e Barack Obama não tem mostrado nenhuma inclinação por parar de tomar empréstimos.
Na realidade, o deficit pode ter alcançado dimensões nas quais os políticos desistem de tentar. Uma pessoa com 5 kg de sobrepeso tem incentivo para fazer dieta, algo que falta para alguém com 200 kg acima do peso ideal.
Os republicanos são céticos em relação ao estímulo que ajudou a levar os deficits para a casa dos trilhões. Para eles, a economia que temos é a economia real, vista sem os óculos róseos do crédito.
Mas isso é dito para argumentar que os últimos 30 anos de prosperidade -baseados nas políticas de impostos muito baixos defendidas pelo partido agora- foram falsos. É uma incoerência.
Contudo, tachar os republicanos de "obstrucionistas" é só uma maneira de dizer que eles detêm o controle político maior. São os políticos e analistas da esquerda que sentem a pressão de fechar um acordo rapidamente.
E, sob pressão, eles apresentaram a ideia mais maluca das negociações: que o presidente possa usar a 14ª emenda -segundo a qual "a validade da dívida pública ... não será questionada-" para elevar ou ignorar o teto da dívida, agindo sozinho.
É uma leitura equivocada da Constituição: afirmar que uma dívida em que o Congresso incorreu deve ser honrada não significa dizer que ele pode fazer mais dívida. Além disso, a emenda dá especificamente ao Congresso o direito de implementá-la. Que um presidente declare estado de emergência meses após sofrer repúdio eleitoral histórico remete à América Latina no século passado.
Os problemas estão a caminho de qualquer maneira. Mesmo que se faça um acordo neste fim de semana, a discussão sobre a dívida americana pode estar ingressando em seu estágio "grego".

CHRISTOPHER CALDWELL é editor sênior da revista "Weekly Standard".

Tradução de CLARA ALLAIN



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