São Paulo, sábado, 09 de julho de 2011

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Ex-assessor de premiê britânico é preso

Andy Coulson, acusado de promover escutas ilegais quando editou "News of the World", depõe e é solto sob fiança

David Cameron reage e anuncia abertura de um inquérito sobre escutas ilegais e outro sobre a ética da imprensa

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O escândalo das escutas ilegais feitas pelo jornal "News of the World" ganhou ontem novos contornos políticos com a prisão de um ex-assessor do primeiro-ministro David Cameron e um discurso do próprio Cameron em que atacou a imprensa, políticos e a polícia.
Andy Coulson, que até janeiro era secretário de comunicação do governo, foi detido, depôs por nove horas e foi solto sob fiança.
Ele foi editor do "News of the World" de 2003 a 2007 e é suspeito de ter aprovado e incentivado a escuta ilegal de celebridades, políticos e vítimas de crimes.
Há ainda a acusação de que tenha montado esquema de pagamento de policiais.
Tudo em busca de notícias sobre crimes ou infidelidades para publicar no jornal.
A prisão aumentou a pressão sobre Cameron, devido a sua ligação com Coulson e com o empresário Rupert Murdoch, dono do "News of the World" e de outros 200 jornais pelo mundo.
Foi Coulson que apresentou Murdoch a Cameron, antes da eleição de 2010. Na época, os jornais de Murdoch trocaram o apoio ao Partido Trabalhista para endossar o Conservador, de Cameron.
Acusado de falta de liderança e de proteger amigos, o primeiro-ministro contra-atacou e anunciou dois inquéritos.
Um irá investigar o caso das escutas. O outro, "práticas e a ética" da imprensa.
Para Cameron, as escutas ilegais do "NoftW" funcionam como um alerta para um problema muito maior.
Ele acredita que outros jornais adotam práticas ilegais em busca de informações e que é necessário criar uma regulação sobre o que é "direito à privacidade e o que é de interesse público".
"[A imprensa livre] é um componente de nossa democracia. Mas isso não significa que a imprensa tenha de estar acima da lei", afirmou.
Por fim, Cameron criticou os políticos, que, segundo ele, fecham os olhos para irregularidades e passam muito tempo cortejando jornalistas em busca de apoio.

NOVAS INVESTIGAÇÕES
A polícia investiga se executivos do conglomerado de Murdoch apagaram milhares de e-mails que revelariam o esquema das escutas.
Se comprovada, a ação contradiz a informação da empresa de que está colaborando com a polícia.
Já Murdoch teria decidido viajar a Londres após anunciar o fechamento do "News of the World". Ele quer acompanhar de perto a crise que ameaça não apenas seus jornais, mas também um negócio muito mais importante economicamente, que é a compra do controle da BSkyB, maior provedora de TV paga no Reino Unido.


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